questão indígena

Raoni vai ao Planalto cobrar demarcação de área entre MT e PA

Líder Caiapó quer celeridade na demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore, localizada entre o Mato Grosso e o Pará. Somente no ano passado é que a questão começou a ser resolvida

O cacique Raoni Metuktire esteve ontem no Palácio do Planalto para pedir uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a fim de pedir celeridade na demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore, área localizada entre o Mato Grosso e o Pará. O líder Caiapó também pretende convidá-lo a visitar seu território, no Parque Nacional do Xingu.

Esse território na fonreira dos dois estados aguarda demarcação desde 2004. Somente em agosto de 2023 passou por uma das etapas iniciais do processo — a delimitação de terras —, realizado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A área tem aproximadamente 360 mil hectares e foi onde o cacique passou a juventude e também é onde seu pai está sepultado. Os povos Mebengôkre Metyktire e Yudja são nativos da região.

A oficialização da delimitação de terras ocorreu durante o evento "Chamado de Raoni", realizado no ano passado, na aldeia Piaraçu (MT), que reuniu lideranças indígenas de todo país, organizações da sociedade civil e representantes do governo federal. Joênia Wapichana, presidente da Funai, e Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, estiveram presentes ao evento.

Para Raoni, a terra Kapôt Nhinore é considerada sagrada e deveria fazer parte do Parque Nacional do Xingu, que tem mais de 2,6 milhões de hectares e foi a primeira terra demarcada no Brasil, em 1961. O conglomerado no qual vivem 16 etnias chegou a ser 10 vezes maior do que é atualmente, segundo o Relatório de Identificação da Terra Indígena Kapôt Nhinore, elaborado pela Funai. Porém, durante a ditadura militar, várias aldeias foram retiradas da demarcação do Xingu. por causa disso, a região que considerada simbólica para Raoni e para o povo Caiapó ficou de fora do Parque.

Encontro

Raoni vive, atualmente, em Capoto/Jarina, também no Mato Grosso, área que é reconhecida como parte do Xingu. O local é próximo da aldeia em que o cacique cresceu. Ele esteve no Planalto para convidar Lula a visitar a região para conversarem sobre a demarcação da aldeia próxima.

A liderança foi recebida no Palácio por Cândido Hilário Garcia de Araújo, coordenador-geral de Relações Político-Sociais da Presidência da República. Em conversa informal, eles combinaram uma ligação hoje, na qual discutirão datas e a possibilidade da viagem ao Xingu. Há, porém, a possibilidade de o presidente encontrar uma brecha na agenda para receber Raoni ainda hoje.

O líder indígena e o presidente conversaram sobre essa visita na posse da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, em 27 de setembro. O presidente viaja amanhã para cumprir agenda em Fortaleza e, na sequência, segue para Belém.

 

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