Por Iago Mac Cord* — O segundo voo de refugiados brasileiros que fogem da guerra no Líbano pousou, ontem, por volta das 18h, em Lisboa. A previsão é de que este segundo grupo — composto por 227 pessoas, entre elas 49 crianças (sete de colo) e três pets — chegue, hoje, ao país, por volta das 7h30. A meta do Ministério das Relações Exteriores é de repatriar 500 pessoas por semana.
A Embaixada brasileira em Beirute disponibilizou em seu portal dois formulários para que os brasileiros ou libaneses parentes de brasileiros pudessem preencher para entrarem na fila e deixarem o Líbano. Os primeiros lugares na fila de espera são para as prioridades: enfermos, crianças, mulheres (grávidas ou não) e idosos. O país do Oriente Médio tem a maior comunidade brasileira na região, com aproximadamente 21 mil pessoas. Dessas, mais de 3 mil preencheram o formulário e estão aguardando a oportunidade de serem chamadas para o voo de volta ao Brasil.
Porém, vêm se acumulando reclamações de refugiados que tentam preencher o formulário disponibilizado, mas não conseguem. Há relatos, também, de que os representantes diplomáticos brasileiros em Beirute não dão orientações para aqueles que pretendem deixar o Líbano.
Procurado para justificar o eventual desencontro de informações, o MRE informou somente que o contato com os brasileiros é feito pela Embaixada na capital libanesa. Acrescentou que a segurança dessas pessoas é de responsabilidade do governo local, até que chegue a vez de serem repatriadas. Já o Palácio do Planalto não comentou a situação.
De acordo com o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, a Operação Raízes do Cedro terá caráter continuado. Porém, ainda não há a expectativa de acrescentar mais um dos aparelhos da Força Aérea Brasileira (FAB) para agilizar a retirada de nacionais. Por enquanto, a ponte entre o Brasil e o Líbano está sendo feita pela mesma aeronave KC-30 que trouxe a primeira leva de refugiados.
O primeiro grupo de brasileiros repatriados chegou na manhã de domingo na Base Aérea de São Paulo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva os recepcionou e, logo após o desembarque, ele fez um rápido discurso no qual criticou, mais uma vez, o atual governo de Israel por "matar inocentes, mulheres e crianças, sem nenhum respeito pela vida humana".
"O Brasil é um país generoso e não tem contencioso com nenhum país do mundo porque a gente não deseja guerra. O que constrói é a paz", observou Lula.
*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi
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