CASO MARIELLE

"Queria acreditar que Marielle estava desmaiada", diz sobrevivente em julgamento

Fernanda Chaves estava no carro ao lado da vereadora quando os disparos foram feitos; apenas ela sobreviveu

Fernanda Chaves é a primeira testemunha ouvida pelo júri popular  -  (crédito: Reprodução)
Fernanda Chaves é a primeira testemunha ouvida pelo júri popular - (crédito: Reprodução)

Fernanda Chaves foi a primeira testemunha a ser ouvida no julgamento dos ex-policiais militares que confessaram o assassinato da vereadora Marielle Franco, que teve início na manhã desta quarta-feira (30/10). Ela era assessora da vereadora e foi a única sobrevivente do ataque, que também vitimou o motorista Anderson Gomes.

Antes do início de seu testemunho, os réus confessos, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram removidos da chamada de vídeo da sessão por solicitação de Fernanda, que não queria testemunhar com ambos presentes.

A assessora contou no julgamento que o 14 de março de 2018, dia do crime, foi normal e atarefado. Segundo ela, Marielle, ao fim do dia, estava cansada e sentou no banco de trás do carro em que estavam, ao lado de Fernanda. Até que, em determinado momento, ouviu-se uma rajada de tiros e ela se abaixou.

“Num ato de reflexo, eu me enrolei e me enfiei no banco de trás do Anderson [o motorista]. Eu pude perceber que o carro continuava em movimento. A Marielle não disse absolutamente nada. Eu percebi que o Anderson esboçou dor, ele falou ‘ai’, mas não foi alto, foi um suspiro. Eu notei os braços do Anderson soltarem do volante, e a Marielle estava imóvel. Senti o braço dela em cima de mim, o peso do corpo dela em cima de mim”, relatou Fernanda.

Após isso, a assessora saiu do carro e gritou por ajuda aos que estavam na rua naquele momento, já tarde da noite. Ela afirma que “queria acreditar que Marielle estava desmaiada” e que, quando pessoas começaram a se aproximar e a tirar fotos, ela tentou impedir.

Júri popular

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, os assassinos da vereadora e do motorista, estão sendo julgados por júri popular composto por 21 pessoas. O processo movido contra eles é de duplo homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas — e tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves. O processo possui 13.680 folhas, 68 volumes e 58 anexos.

O Ministério Público pede pena máxima, que pode chegar a 84 anos. Podendo durar mais de um dia, ainda serão ouvidas outras oito testemunhas, seis chamadas pelo MP e duas convocadas pela defesa de Lessa.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

https://whatsapp.com/channel/0029VaB1U9a002T64ex1Sy2w

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 30/10/2024 12:08 / atualizado em 30/10/2024 15:54
x