Aviação

O que se sabe sobre a queda do caça da FAB em Natal

Antes de ejetar-se, piloto desviou o avião — em operação desde 1976 — para uma área desabitada de Parnamirim. Só neste ano, foram registrados no país 136 acidentes aéreos, com 127 mortes, maior número de vítimas desde 2016

Ao explodir no solo, em área desabitada, o avião levantou uma grossa coluna de fumaça, que podia ser vista a muitos quilômetros de distância -  (crédito:  Reprodução)
Ao explodir no solo, em área desabitada, o avião levantou uma grossa coluna de fumaça, que podia ser vista a muitos quilômetros de distância - (crédito: Reprodução)

Um caça F-5 da Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentou problemas mecânicos durante um voo de treinamento e caiu, ontem, em Parnamirim, na região metropolitana de Natal. O piloto conseguiu ejetar-se e foi resgatado sem ferimentos. Pessoas que estavam perto do local da queda registraram o momento em que o avião colidiu contra o solo, causando uma grande explosão seguida de muita fumaça.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse em entrevista à CNN Brasil, que o piloto "foi hábil" ao conseguir desviar o caça de áreas residenciais "mesmo com fogo já no avião". O militar, que não teve a identidade revelada, foi resgatado pela Brigada de Salvamento e levado ao Hospital da Base Aérea de Natal para se submeter a exames complementares.

O F-5 apresentou problemas no motor pouco tempo após a decolagem, segundo relatos, com vídeos mostrando chamas saindo da turbina. O Corpo de Bombeiros informou que a explosão do avião provocou um incêndio na mata onde a aeronave caiu, na comunidade de Pium, e que duas equipes foram acionadas para o combate às chamas.

Em nota, a FAB informou que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) vai investigar o caso para identificar possíveis fatores que possam evitar que acidentes semelhantes voltem a acontecer.

Exercício de guerra

O tráfego de aviões militares sobre a capital potiguar aumentou nos últimos dias. A Base Aérea de Natal vai receber, entre 3 e 15 de novembro, o Cruzex — Exercício Cruzeiro do Sul —, um grande treinamento com Forças Aéreas de vários países, organizado pela FAB desde 2002. O avião que caiu participaria das operações.

O Cruzex irá reunir mais de 2 mil militares de 16 países, e vai mobilizar 100 aeronaves brasileiras e estrangeiras de combate e apoio a tropas. É o maior exercício militar multinacional da América Latina, e mais de 1,5 mil horas de voo estão programadas para o evento. Participarão — além do Brasil — Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, África do Sul, Suécia, Uruguai e Estados Unidos. Esta será a primeira participação de Portugal e Paraguai.

O caça acidentado é o F-5 Tiger II, fabricado nos Estados Unidos e um dos mais antigos do esquadrão da FAB. O avião chegou ao Brasil em 1976 para substituir os modelos F-80 Shooting Star e o T-33 Thunderbird. Em 2000, a FAB desenvolveu um projeto de atualização da aeronave — o F-5BR — para incluir novo sistema de radar, mísseis, telas multifuncionais coloridas e capacete com display integrado.

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postado em 23/10/2024 04:00
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