Saúde

Risco de quedas e lesões aumenta com a idade

Especialistas alertam que, quanto mais as pessoas envelhecem, mais o cérebro fica vulnerável a sequelas de acidentes domésticos. Medidas simples de prevenção devem ser adotadas na residência de idosos

Com o envelhecimento, a capacidade de regeneração celular do cérebro diminui, tornando os idosos mais suscetíveis a sequelas permanentes, tanto físicas quanto cognitivas, após um trauma craniano -  (crédito: Alex Boyd/Unsplash)
Com o envelhecimento, a capacidade de regeneração celular do cérebro diminui, tornando os idosos mais suscetíveis a sequelas permanentes, tanto físicas quanto cognitivas, após um trauma craniano - (crédito: Alex Boyd/Unsplash)

Acidentes envolvendo quedas e pancadas na cabeça não são incomuns entre os idosos, e, em muitos casos, as consequências podem ser bem mais graves do que aparentam. No sábado passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 78 anos, machucou-se ao escorregar no banheiro do Palácio da Alvorada. Ele foi diagnosticado com traumatismo craniano e precisou levar cinco pontos na região occipital — na parte inferior da nuca.

O episódio com o presidente é mais um exemplo dos riscos que os idosos correm quando sofrem lesões na cabeça. Ao Correio, especialistas explicaram que, quanto mais a idade avança, mais o cérebro fica vulnerável a sequelas, aumentando as chances de complicações graves, mesmo que os sinais iniciais sejam discretos. É aí que mora o maior perigo.

 

 

O neurologista Maciel Pontes, do Hospital de Base do DF, destaca a importância de uma avaliação médica criteriosa em casos de acidente, como o que aconteceu com Lula. "Nos idosos, as lesões na cabeça podem resultar em complicações graves devido à maior vulnerabilidade do cérebro com o envelhecimento". Uma pancada também pode agravar condições preexistentes, como declínio cognitivo, e retardar o processo de recuperação.

Com o envelhecimento, a capacidade de regeneração celular do cérebro diminui, tornando os idosos mais suscetíveis a sequelas permanentes, tanto físicas quanto cognitivas, após um trauma craniano. Pontes enfatiza que se deve buscar atendimento médico imediato se o idoso apresentar determinados sintomas após uma pancada na cabeça.

"Desmaio, confusão mental, dor de cabeça forte e persistente, náuseas ou vômitos, sonolência excessiva, dificuldades na fala ou nos movimentos, convulsões ou visão turva são sinais claros de que pode haver uma lesão grave. Esses sintomas exigem atenção médica urgente", alertou.

A falta de tratamento adequado para esses sintomas pode levar a complicações adicionais, como a piora das funções cognitivas, perda de memória e dificuldade de concentração, além de problemas emocionais, como depressão e ansiedade. Nos casos mais severos, pode ocorrer uma deterioração progressiva da função cerebral, o que torna o idoso mais suscetível a novas quedas e traumas subsequentes.

A neurologista Carolina Alvarez reforça que nem sempre as complicações decorrentes de uma pancada na cabeça aparecem imediatamente. "Por mais que exista um maior risco de sangramento nesses pacientes, às vezes, você pode ter grandes impactos, mas sem um sangramento visível naquele momento. Os sintomas podem surgir numa fase mais crônica, dias ou semanas depois", alerta. Esse quadro de sangramento tardio é particularmente perigoso porque pode passar despercebido em um primeiro momento, fazendo com que a lesão se agrave com o passar do tempo.

Prevenção

A médica destaca que prevenir acidentes com idosos é tão importante quanto remediar, e cita medidas simples, mas eficazes, para reduzir o risco de quedas dentro de casa. "Instalar barras de apoio no banheiro, retirar tapetes soltos ou qualquer objeto que possa fazer o idoso escorregar, e prestar atenção ao tipo de calçado que ele usa são ações fundamentais para evitar quedas e traumas", orienta ela.

Após um trauma craniano, mesmo que o idoso não apresente sinais claros de anormalidade, é importante observar atentamente seu comportamento nas primeiras 24 a 48 horas. Isso porque muitos sintomas podem surgir de forma gradual. Segundo os especialistas, é fundamental monitorar a cognição do idoso, verificando se ele está lúcido e se sua memória está intacta.

BRA-Queda de idosos
BRA-Queda de idosos (foto: Valdo Virgo)

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria

 

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postado em 22/10/2024 03:55
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