O presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, foi preso em flagrante nesta quarta-feira (9/10) no Rio de Janeiro. Flávio era um dos alvos de uma operação de busca e apreensão realizada no estado.
Flávio jogou uma pistola pela janela para tentar evitar o flagrante, mas as equipes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) e da Polícia Civil encontraram o a arma nos arredores da casa.
De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a operação Fissão investiga quatro pessoas ligadas ao homicídio qualificado de Fábio Romualdo Mendes. "O crime teria sido motivado por disputa pela exploração de áreas dominadas por Rogério de Andrade. O homicídio foi encomendado por um dos denunciados que, à época, estava preso. Fábio Romualdo Mendes foi executado em setembro de 2021, por volta das 9h, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena", explicou o órgão.
Flávio tem ligação com acusado Rogério de Andrade, um bicheiro e patrono da escola de samba Mocidade. De acordo com a investigação, o presidente da escola seria o braço direito do bicheiro e por isso era alvo na operação.
Os mandados foram cumpridos em várias cidades do estado: Rio de Janeiro, Maricá, Petrópolis, Angra dos Reis, no Presídio Constantino Cokotós, na Penitenciária Lemos Brito, na Unidade Prisional da Polícia Militar, no 39º BPM (Belford Roxo), no Hospital Central da PM e na Diretoria-Geral de Pessoal da PM.
Os alvos do mandado de prisão foram: o ex-policial militar Thiago Soares Andrade Silva, Anderson de Oliveira Reis Viana, Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza e o policial militar Bruno Marques da Silva, todos denunciados por participação no assassinato de Fabio Romualdo Mendes.
Já nos mandados de busca e apreensão foram: endereços ligados a Rogério Costa de Andrade e Silva, Flávio da Silva Santos, ao policial militar Adriano da Rocha Muniz e a José William Fernandes de Assis, que seguem sendo investigados por possível envolvimento no crime.
Além desses, também foram alvos de mandados de busca o policial militar da reserva Márcio Araújo de Souza, chefe da segurança de Rogério de Andrade, e os policiais militares Marcos Araújo de Souza e Ramon Malta Moreira, em razão da suspeita de ocultamento de provas vinculadas ao assassinato.
A prisão de Flávio da Silva Santos
O advogado criminalista e de direito digital, Dr. Stéfano Ferreira, explicou ao Correio a prisão do presidente da Mocidade. “Prisão em flagrante contempla as seguintes situações: quando uma pessoa está cometendo o crime, quando se vê a pessoa cometer o crime, quando a pessoa acabou de cometer o crime, ou quando está sendo perseguida e é presumidamente autora do crime, ou ainda no momento em que a pessoa é encontrada com objetos, armas ou instrumentos que indiquem que ela é a autora do crime que está sendo investigado.”
Ferreira analisou a prisão de Flávio e constatou que ele tentou se livrar de uma arma antes da busca na casa dele. “Já no caso do Flávio, o que ocorreu foi o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em sua residência, direcionado a ele. O mandado visava apurar e encontrar objetos que pudessem estar relacionados a uma investigação sobre um grupo de extermínio no município do Rio de Janeiro. Durante a busca na residência e nos arredores, foi encontrada uma pistola .40, o que deu a entender que Flávio tentou se livrar da pistola ao tomar conhecimento do que estava acontecendo. Neste momento, foi efetuada a prisão em flagrante e ele foi detido", afirmou.
Para o advogado, a atitude de Santos foi suspeita e agora ele terá que provar que a arma não é dele . "Embora a defesa alegue que a pistola não era dele, é algo que precisará ser comprovado. Estamos falando de uma pessoa que está sendo investigada por envolvimento em um grupo de extermínio, e uma pistola .40 foi encontrada nas proximidades de sua residência, o que torna a situação suspeita. Cabe maior apuração, e o que está em andamento é a investigação sobre o possível envolvimento de Flávio com esse grupo de extermínio, relacionado também ao jogo do bicho e disputa territorial”, explicou.
O advogado explicou quais são os próximos passos da operação. "Será feito o cumprimento de mais mandados de busca e apreensão, principalmente dos envolvidos na execução de Fábio Mendes, que foi morto em 2021 na disputa por território do Jogo do Bicho, que pertence a Rogério de Andrade. É importante salientar que a Corregedoria da Polícia Militar do município do Rio de Janeiro informa que colabora com todas as investigações, pois é contra essas práticas. Afinal, diversos militares estão envolvidos", disse.
O advogado criminalista também comentou que somente ao final da investigação será possível dizer por quais crimes os investigados serão acusados formalmente. "Com o que for obtido nesses mandados de busca e apreensão, esse conjunto probatório será juntado aos autos, onde poderão ser indiciados por crimes como organização criminosa, homicídio e também contravenção penal, que é o crime mais leve, mas foi o que deu origem a tudo, já que a contravenção penal é o crime imputado ao Jogo do Bicho. Agora, é necessário acompanhar os desdobramentos das investigações para ver quais crimes serão apurados, quem são os envolvidos e, com isso, prosseguir com a ação penal”, finalizou.
A reportagem tentou entrar em contato com a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, mas não obteve resposta até a publicação da matéria. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
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