O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) apurou que mais de 2,5 milhões de hectares do Pantanal foram consumidos pelo fogo, neste ano — o equivalente a 2,3 milhões de campos de futebol. Ao todo, foram identificados, de janeiro até ontem, 9.506 focos de queimadas no bioma, um aumento expressivo de 1.897% em relação a todo o ano passado, quando os satélites identificaram 476 pontos de fogo.
Na última terça-feira, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), Marina Silva, foi à Comissão do Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal e informou que o governo federal liberou um crédito extraordinário de R$170 milhões para combater os incêndios. Segundo o próprio governo, no Pantanal, ainda estão atuando 907 agentes, quatro helicópteros, oito aviões e 44 embarcações.
Além dessa força-tarefa, o Ministério da Defesa informou ao Correio que, “desde 27 de junho, cerca de 550 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica estão atuando no combate ao fogo no Pantanal, com 161 viaturas, 224 embarcações e nove aeronaves”.
O Pantanal é um bioma localizado exclusivamente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo dados do BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 77,8% dos focos registrados no Pantanal Sul-Mato-grossense, e 22,2%, no Pantanal de Mato Grosso. Segundo dados do Sistema Deter, também do Inpe, quase 90% dos focos registrados foram em mata nativa, e menos de 1%, em locais onde a vegetação original havia sido desmatada recentemente.
Na quinta-feira, quando se comemorou o dia da Amazônia, os bombeiros militares de Mato Grosso combateram 44 focos de incêndio. Ao todo, desde o início do período proibitivo do uso de fogo — iniciado em 1º de julho nos três biomas mais afetados, e que vai até 30 de novembro na Amazônia e no Cerrado e 30 de dezembro no Pantanal — os bombeiros militares de Mato Grosso extinguiram 98 focos. O estado está em situação de emergência desde 30 de agosto, e permanecerá nessa condição até 30 de novembro.
No Dia da Amazônia, diversas cidades de Mato Grosso do Sul amanheceram cobertas por fumaça provindas das queimadas tanto do Pantanal, quanto da região Amazônica. Segundo a plataforma de monitoramento IQAir, por conta da fumaça que cobre o estado do Acre, a região se tornou a mais poluída do mundo, estando 26 níveis acima do recomendado. A Defesa Civil de São Paulo ainda renovou o alerta de risco de incêndio no estado até a próxima terça-feira.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Doria