Os incêndios que queimaram 2,4 milhões de hectares na Amazônia entre junho e agosto deste ano emitiram 31,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). Comparado com o mesmo período de 2023, o aumento das emissões foi de 60%. Os dados são do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e foram divulgados nesta terça-feira (17/9).
Segundo o Ipam, essas emissões continuam mesmo após o fim do fogo por causa da decomposição da vegetação atingida. Sendo assim, estima-se que nos próximos 5 a 10 anos mais de 2 a 4 milhões de toneladas de CO2 poderão ser emitidas.
“Um importante impacto dos incêndios florestais nas emissões não ocorre no momento em que a floresta está queimando, mas depois, quando principalmente as grandes árvores morrem e continuam a emitir CO2 por muitos anos, o que é chamado de emissão tardia. O pior é que uma floresta degradada pelo fogo se torna mais suscetível a outros incêndios, perpetuando um ciclo de degradação e emissões”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam, alerta que há o risco do país entrar em círculo vicioso de secas mais severas e incêndios mais intensos. “O cenário é preocupante, pois os impactos a longo prazo de queimadas tão intensas não são totalmente claros. Há o risco de entrarmos num círculo vicioso de secas mais severas, incêndios mais intensos e aumento da mortalidade de árvores que, por sua vez, retroalimentam os estoques de combustível disponíveis para eventos de fogo futuros", frisa a especialista em nota divulgada pelo Observatório do Clima — rede que reúne ONGs e institutos de pesquisa sobre agenda climática.
De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia é o bioma com mais focos de incêndio no Brasil (45%), seguido pelo Cerrado (42,6%). Os municípios São Félix do Xingu, Altamira e Cumaru do Norte — os três no Pará — são os mais atingidos pelas queimadas nas últimas 48 horas.
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