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Morte de Silvio Santos repercute em Brasília; veja

As reações de autoridades reverberaram nas redes sociais e em notas oficiais. Em sua conta oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou

As manifestações de condolência e pesar pela morte de Silvio Santos mobilizaram espectros distintos da política brasileira, da esquerda à direita, e autoridades dos Três Poderes da República. A política não era algo estranho ao apresentador, que protagonizou uma tentativa frustrada de disputar a Presidência da República, em 1989, e usava seus programas ao domingo para exibir a "Semana do presidente", que incluiu até a agenda de João Baptista Figueiredo, último general-ditador do país.

As reações de autoridades reverberaram nas redes sociais e em notas oficiais. Em sua conta oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou. Para ele, Silvio foi a "maior personalidade da história da televisão brasileira e um dos grandes comunicadores do país". Lula lembrou o passado do apresentador, de vendedor ambulante até o empreendedor.

"Mas será sempre lembrado como Sílvio Santos, o rosto e a voz dos domingos de milhões de brasileiros e brasileiras, querido pelas suas 'colegas de trabalho', como carinhosamente chamava as telespectadoras. Com seu talento e carisma lançou e deu apoio a muitos talentos da televisão, do humor e do jornalismo. Era uma das pessoas mais conhecidas e queridas do nosso país. Ao longo dos anos, nos encontramos em programas de TV, reuniões e conversas, sempre com respeito e carinho", postou Lula.

Bolsonaro emitiu uma manifestação mais sucinta e declarou que o apresentador tinha um carisma irresistível.

"Hoje nos deixa Silvio Santos, um exemplo de alegria e empreendedorismo para todos nós. Homem simples, de trato fácil, com um carisma irresistível. Começou como vendedor ambulante nas ruas do Rio e se tornou um dos maiores empresários de comunicação do Brasil", manifestou Bolsonaro.

Reprodução/SBT -
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Foto: SBT -
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Difícil uma liderança política nacional que não tenha se encontrado com Silvio Santos, que não esteve em seu programa. Nunca declarou seu voto. Pelo palco de seu programa, passaram todos os presidentes eleitos depois da ditadura: Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. O SBT foi fundado no governo de Figueiredo (1979 a 1985), e o apresentador declarou mais recentemente, em 2017, que, se não fosse o general, estaria até hoje "vendendo caneta na Praça da Sé".

Alckmin também já esteve no programa do dono do SBT. Quando governador, o hoje vice-presidente teve um papel decisivo num episódio que marcou a vida de Silvio, o sequestro da filha Patricia Abravanel. Dois dias após a libertação da caçula, Silvio foi mantido refém por um dos sequestradores, que invadiu a casa do empresário, e só foi solto após a presença do então governador.

Na sua manifestação, Alckmin não citou essa passagem e afirmou que o apresentador fazia parte das famílias dos brasileiros. "Hoje o Brasil não perdeu apenas um de seus maiores comunicadores, mas 'alguém de casa', de todas as casas. Com uma voz inconfundível, uma simplicidade cativante e um microfone na lapela, Silvio Santos trouxe alegria para milhões de lares brasileiros", afirmou.

Congresso

As duas principais lideranças do Congresso também lamentaram a morte de Silvio. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou se tratar de um comunicador "imprescindível". "A magnitude alcançada pelo carisma, pela versatilidade e pelo talento de Silvio Santos o tornou imprescindível como um dos maiores comunicadores do entretenimento do nosso país", afirmou Pacheco.

Lira lembrou a trajetória de sucesso trilhada. "Sua trajetória pessoal, familiar e profissional é exemplo para todos os brasileiros. De competente vendedor ambulante, ele construiu um dos maiores grupos de comunicação do Brasil. Silvio Santos, sem jamais perder seu jeito natural e expansivo, transmitiu alegria aos lares do país durante décadas."

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou em nota que, "do zero", Silvio criou uma grande emissora. "Silvio Santos tem uma história de sucesso empresarial que sempre será exemplo. Um empreendedor que, do zero, criou uma das maiores emissoras de televisão do país."

Michel Temer declarou que a morte de Silvio revelou a "alma brasileira que nos une" e que mesmo quem não gostava dele o respeitava.

"Silvio, que se fez amado por um país inteiro, foi, sendo ele mesmo o tempo inteiro, sem concessões a seus críticos, admirado por todos. Mesmo quem não gostava dele o respeitava e o amou, cada um à sua maneira, porque foi autêntico", disse o ex-presidente.

A frustrada tentativa de chegar ao Planalto

Silvio Santos fez uma incursão no universo político-eleitoral. Tentou, sem sucesso, ser candidato a presidente da República, e logo na volta da democracia, em 1989, na primeira eleição direta após 21 anos de ditadura no país. Sua pretensão foi barrada pela Justiça Eleitoral a uma semana da votação, em 9 de novembro de 1989.

O apresentador se filiou ao Partido Municipalista Brasileiro, o PMB, e o anúncio de sua entrada no páreo agitou a política nacional. Mas a aventura durou até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgar a situação da legenda que escolheu para concorrer. Por um acachapante 7 a 0, o Tribunal barrou a candidatura do empresário e ainda declarou o PMB extinto. O registro provisório do partido havia caducado em 15 de outubro daquele ano.

Liderança

Nas pesquisas eleitorais da época, Silvio aparecia com mais de 20% das intenções de voto e ameaçava os concorrentes Fernando Collor (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Leonel Brizola (PDT) e Mário Covas (PSDB). Na primeira aferição com sua presença na disputa, feita pelo Instituto Gallup no início de novembro, Silvio liderava com 29% das intenções de voto. Collor, que até então liderava, caiu para segundo, com 18,6%, seguido de Lula, 10,6%, e Brizola, 9,9%.

O apresentador quase chegou a participar de debates. Mas, mesmo ausente, era muito citado pelos quase adversários, que se referiam a ele como "oportunista", uma candidatura fruto de uma "articulação da direita" e um "produto do Palácio do Planalto", cujo presidente era José Sarney. No dia do julgamento da concessão de registro ou não à sua candidatura, o TSE recebeu mais de 250 telegramas e uma centena de abaixo-assinados pela impugnação do nome de Silvio Santos.

A manchete do Correio em 10 de novembro, dia seguinte à decisão do TSE que frustrou o apresentador, foi: "TSE acaba com show de Silvio Santos". O conteúdo da reportagem informava que o apresentador, triste com o veredicto do Tribunal, passou a véspera em casa, recluso, sem receber ninguém. Ao humorista Carlos Alberto da Nóbrega, seu amigo e do SBT, Silvio mandou dizer que estava com dor de cabeça.

Correio Braziliense/ Reproducao - Credito: Correio Braziliense/ Reproducao. Capa de 10 de novembro de 1989, cuja manchete é TSE acaba com show de Sílvio Santos.

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