Amazônia

Desmatamento na Amazônia Legal tem primeiro aumento em 15 meses

O aumento de julho interrompe uma sequência de 15 meses de queda, mas ao considerar os últimos 12 meses, a redução do desmatamento em relação ao período anterior foi de 45,7%

O desmatamento na Amazônia Legal registrou em julho o primeiro aumento em 15 meses, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo governo federal, que mostram, no entanto, uma redução significativa nos últimos 12 meses.

A superfície devastada na maior floresta tropical do planeta foi de 666 km² no mês passado, um aumento de 33% em comparação com os 500 km² registrados em julho de 2023, de acordo com o sistema de observação por satélite 'Deter' do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O aumento de julho interrompe uma sequência de 15 meses de queda, mas ao considerar os últimos 12 meses, a redução do desmatamento em relação ao período anterior foi de 45,7%.

Enquanto entre agosto de 2022 e julho de 2023 o desmatamento devastou 7.952 km² de floresta, no mesmo período do ano seguinte (agosto de 2023 a julho de 2024), o desmatamento foi de 4.315 km².

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu acabar até 2030 com o desmatamento ilegal na Amazônia, que havia aumentado durante o governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro (2019-2022).

A superfície de floresta destruída em julho também foi muito distante da registrada no mesmo período de 2022 (1.487 km²), quando Bolsonaro ainda era presidente.

Meta: desmatamento zero

"Ao assumir o governo, o presidente Lula priorizou a agenda de desmatamento zero, não só para a Amazônia, mas para todos os biomas", disse em coletiva de imprensa em Brasília a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após a apresentação dos resultados.

"Fazer política pública com base em evidência dá resultado", ressaltou.

Entre os fatores que contribuíram para o aumento de julho, segundo o governo, está uma greve de servidores públicos do Ibama.

Além disso, "em julho do ano passado a redução havia sido muito alta, com um número muito abaixo da tendência histórica", disse João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.

Afetada por atividades como pecuária e mineração ilegal, a Amazônia está caminhando, alertam cientistas, para um ponto de não retorno, a partir do qual emitirá mais carbono do que absorverá, agravando as mudanças climáticas.

Alerta sobre o Cerrado

Se os dados forem confirmados na medição definitiva - que será divulgada nos próximos meses - "o Brasil estará muito perto de cumprir sua meta para 2025 no Acordo de Paris" de reduzir suas emissões de CO2 em 48%, afirmou em comunicado o coletivo de ONGs Observatório do Clima.

Os dados representam "um bom sinal de liderança pelo exemplo para um país que sediará no ano que vem a conferência da ONU que marca os dez anos do tratado do clima", a COP30 em Belém, acrescentou.

Porém, o Observatório alertou sobre o aumento do desmatamento no Cerrado.

Lá, apesar de uma redução nos últimos quatro meses, o desmatamento foi de 7.015 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, em comparação com os 6.341 km² do período anterior.

"Esse quadro sugere que a destruição para a produção de carne e soja pode estar 'vazando' da floresta para a savana, onde há menos controle do governo federal porque as terras são quase todas privadas, o limite legal de desmatamento é maior e as licenças para corte de vegetação são dadas a rodo pelos estados", apontou o Observatório.

A ministra Marina Silva indicou que o governo espera que a redução nos últimos meses se firme como tendência no Cerrado.

"Não queremos mascarar a realidade, queremos resultados que protejam a floresta, que protejam a biodiversidade e mantenham as bases naturais do nosso desenvolvimento", declarou.

Mais Lidas