Se o substantivo carisma precisasse de mais um sinônimo no dicionário, Silvio Santos certamente se encaixaria nessa definição. O microfone preso ao colarinho, a voz inconfundível e a risada marcante. Trejeitos que o levaram ao topo da comunicação no país. Os programas carregados de leveza e risada, o bom humor sempre presente nas atrações.
Em 12 de dezembro de 1930, nascia aquele que mudaria a maneira como o Brasil consumiria entretenimento e diversão. Na certidão de nascimento, Senor Abravanel. No Olimpo da comunicação brasileira, Silvio Santos. Nome que, anos depois, adotou para fazer parte de sua carreira artística. Com a família, morava na travessa Bentevi, no tradicional bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Filho do casal de judeus Alberto e Rebeca, tinha mais cinco irmãos: Beatriz, Perla, Sara, Léo e Henrique.
O espírito empreendedor de Silvio despertou em 1946. Como era ano eleitoral, decidiu vender capas para títulos de eleitor nas ruas cariocas. Muito sagaz, comprava carteirinhas e as revendia dizendo que era a última. Empolgado com a vocação de camelô, mal imaginava que anos depois aquele poder de comunicação, capaz de convencer os transeuntes a levar capinhas ou, mais tarde, canetas e outros objetos, invadiria os lares dos brasileiros para vender entretenimento por mais de seis décadas.
Em 1948, aos 18 anos, precisou servir ao Exército e deixou a profissão de ambulante. Serviu na Escola de Paraquedistas da Força.
Início do sonho
Foi o diretor da fiscalização da prefeitura, que impediu Silvio de continuar exercendo a profissão, quem percebeu que ele levava jeito para a comunicação. Assim, resolveu levá-lo até a Rádio Guanabara para ajudar o garoto.
Lá, Silvio passou por um concurso de locutores, em que ficou em primeiro lugar. Nessa disputa, estava competindo com nomes que seriam importantíssimos para a comunicação brasileira, como Chico Anysio, José Vasconcelos e Celso Teixeira.
Ficou por um tempo como locutor em algumas rádios, mas os 2 mil cruzeiros que ganhava não eram suficientes. Sendo assim, decidiu vender relógios, joias, colares e sapatos sob medidas. Dessa forma, tentava garantir o sustento conciliando os trabalhos como radialista e vendedor. Nesaa época, Silvio trabalhava em uma emissora de Niterói. Voltando para o Rio de Janeiro, retornava em uma barca que ligava as duas cidades. Em uma dessas tantas viagens, resolveu colocar uma música de fundo, com o intuito de vender seus produtos utilizando um alto-falante. A partir daí, virou corretor de anúncios e deixou o emprego na rádio.
Em 1954, assinou o primeiro contrato como locutor da Rádio Nacional, em São Paulo. Mas, ainda assim, Silvio queria melhorar suas condições financeiras. Criou a revista Brincadeiras para Você, com o atrativo de palavras cruzadas e algumas charadas. Fez isso para complementar a renda, que ainda contava com o apoio incansável da sua jornada como corretor de anúncios e shows em circos como animador em suas caravanas. Depois de tantas experiências, foi chamado por Manoel de Nóbrega, pai de Carlos Alberto de Nóbrega, para trabalhar como animador na Rádio Nacional.
Na época, o Baú da Felicidade — empresa de Nóbrega — enfrentava problemas, e Silvio chegou para solucioná-los. Envolvido com o negócio, a situação, de repente, estabilizou-se. Ao pagar uma mensalidade, as pessoas concorriam a prêmios como geladeiras, fogões e TVs. O empenho do Senor Abravanel logo foi percebido por Manoel. Ele, inclusive, resolveu presenteá-lo com o Baú.
Silvio Santos iniciou sua carreira na televisão em 1961. O primeiro programa, chamado de Vamos Brincar de Forca, era apresentado na TV Paulista. Com o sucesso da atração, Silvio decidiu estrear um programa aos domingos. Corajoso e irreverente, buscava sua consolidação. Comprou as duas primeiras horas da programação da TV Paulista (Globo), canal 5, a partir do meio-dia. Assim, o Baú ganhou a melhor vitrine que poderia ter. Nascia aí, uma das maiores glórias da televisão brasileira.
Versátil, o comunicador nunca abandonou o perfil empreendedor. Criou o Grupo Silvio Santos, com empresas em diversos setores, como a hotelaria e a indústria de cosméticos.
Nos anos 1980, ele chegou a tentar a carreira política, chegando a se candidatar à Presidência da República, mas desistiu.
Popular
Silvio Santos passou pelas principais emissoras de TV do país: Tupi, Globo, Record e o próprio SBT, que antes se chamava TVS.
Os quadros de seu programa de auditório, Silvio Santos, caiam no gosto popular, como nas perguntas e respostas do Show do Milhão, o Namoro na TV, a Porta da Esperança e Topa Tudo por Dinheiro.
Quando completou 31 anos de exibição, o programa Silvio Santos se tornou o mais duradouro da história, segundo o Guinness Book. Proprietário do SBT desde 1981, o comunicador é considerado, por muitos, um dos maiores ícones da história do Brasil.
Silvio Santos estava afastado da televisão desde 2022, quando apresentou pela última vez seu tradicional programa. O comando da atração ficou a cargo da sua filha Patrícia Abravanel.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br