saúde pública

Brasil registrou mais de 5 mil mortes por dengue em 2024

Número ultrapassa os óbitos registrados entre 2017 e 2023. Oposição utiliza dados para criticar o governo nas redes sociais

Equipes da Zoonoses combatem focos do mosquito. Somente em 2024, foram registrados 6,4 milhões de casos da doença -  (crédito: Paulo Pinto/Agência Brasil)
Equipes da Zoonoses combatem focos do mosquito. Somente em 2024, foram registrados 6,4 milhões de casos da doença - (crédito: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O Brasil ultrapassou as 5 mil mortes por dengue este ano, número quatro vezes maior se for feita uma comparação com 2023 — quando 1.179 vidas foram perdidas para a doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, há 2.137 óbitos sob investigação.

De 2017 a 2023, foram registradas 4.331 mortes pela infeção provocada pelo mosquito aedes aegypti. Segundo dados do governo federal, são 6,4 milhões de casos de dengue em 2024. A letalidade em casos prováveis é de 0,08%.

A análise demográfica desses mesmos casos prováveis mostra que 55% das infecções ocorrem entre mulheres, enquanto os homens representam 45% dos registros. A faixa etária mais afetada é a que vai dos 20 aos 29 anos, seguida pelos grupos 30-39 anos e 40-49 anos.

Por sua vez, os grupos que registram menos infecções são os menores de um ano de idade, os indivíduos com 80 anos ou mais e as crianças entre um e 4 anos. Isso sugere que os jovens adultos estão mais expostos ao mosquito transmissor ou menos protegidos contra a doença.

São Paulo concentra o maior número de casos prováveis, com mais de 2 milhões de infecções. Na sequência, vêm Minas Gerais (1.696.909), Paraná (644.507) e Santa Catarina (363.850) com altos índices de casos. No sentido oposto, as unidades da Federação com menor número de infecções são Roraima (546), Sergipe (2.480), Acre (4.649) e Rondônia (5.046).

Quando se considera o coeficiente de incidência da dengue, o Distrito Federal lidera — são 9.749,7 casos para cada 100 mil habitantes. Depois vêm Minas Gerais (8.266,9/100 mil), Paraná (5.632,2/100 mil) e Santa Catarina (4.781,5/100 mil). Os estados com os menores coeficientes são Roraima (85,8/100 mil), Sergipe (112,2/100 mil), Ceará (138,9/100 mil) e Maranhão (162,1/100 mil).

Ao Correio, o Ministério da Saúde afirmou que o número de casos está em queda contínua há 15 semanas, depois de um pico em março, e a confirmação dos óbitos também tem diminuído. "O Ministério da Saúde reforçou as ações com uma reserva de R$ 1,5 bilhão para estados e municípios em emergência, e a mobilização conjunta na eliminação de criadouros foi crucial para essa redução. Apesar do aumento no número de casos prováveis em 2024, a letalidade permanece quase a mesma do ano passado, com 0,08%, em 2024, contra 0,07%, em 2023. O Ministério continua investindo em medidas de prevenção, como abastecimento de inseticidas e testes, e lançará em breve um plano abrangente para enfrentar a dengue e outras arboviroses", explica a pasta.

A revista Science, por sua vez, publicou uma reportagem estimando um prejuízo causado pela dengue de aproximadamente US$ 5 bilhões no Brasil, em 2024 — o equivalente a R$ 28 bilhões pelo câmbio de ontem. Nesta conta foram incluídos gastos públicos e privados de saúde, como consultas e internações, além de impactos como a ausência do trabalhador ao emprego e o gasto com as campanhas de vacinação.

Politização

Os números da dengue no países foram usados pela oposição para criticar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais. O ex-presidente Jair Bolsonaro usou sua conta no X (antigo Twitter) para reproduzir um gráfico compartilhado pelo senador Rogério Marinho (PL-RN) sobre o avanço das mortes, cuja legenda diz. "Mais um recorde do governo do amor".

"O silêncio generalizado e a falta de exigências em nome da democracia e do amor", publicou o ex-presidente, que em outra postagem provocou: "Mosquitos unidos pela democracia. Logo mais no Jornal Nacional". No governo Bolsonaro, mais de 700 mil pessoas morreram infectadas pela covid-19.

Os números da dengue também deram argumento ao Centrão para pressionar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a deixar o cargo. Em mais de uma vez, porém, Lula garantiu que ela fica na pasta. O governo também atuou para obter vacina contra a doença transmitida pelo aedes aegypti.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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postado em 08/08/2024 03:55
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