Violência

Porsche tornou-se uma arma, diz juíza que manteve prisão de empresário

De acordo com a decisão da magistrada Vivian Brenner de Oliveira, "a vida é o bem mais precioso do ordenamento jurídico, de modo que aquele que se dispõe a tirá-la ou que demonstra desprezo tal que acredita que a vida equivale a um ínfimo bem material"

Para magistrada, imagens mostram carro sendo jogado contra motociclista -  (crédito:  Alexandre Serpa/Estadão Conteúdo)
Para magistrada, imagens mostram carro sendo jogado contra motociclista - (crédito: Alexandre Serpa/Estadão Conteúdo)

A juíza da audiência de custódia de Igor Ferreira Sauceda, que dirigia o Porsche amarelo que colidiu e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na madrugada de segunda-feira, diz na decisão em que decretou a prisão preventiva do empresário que "as imagens são claras" e demonstram que ele "utilizou o veículo como verdadeira arma". O advogado de Sauceda classifica o acidente de "fatalidade".

No documento, a juíza Vivian Brenner de Oliveira refuta argumentos utilizados pela defesa do empresário, como o fato de o teste do bafômetro ter dado negativo e de ele ter permanecido no local, sem resistir à prisão. De acordo com ela, "não é suficiente para afastar a gravidade da sua conduta".

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Edilson Correia de Lima, do 48º DP, Sauceda teria tido um "ataque de fúria" contra Kaique, dirigindo em alta velocidade em sua direção. Por isso, o crime foi tipificado como homicídio doloso, quando há intenção ou assume-se o risco de matar, com pena prevista de seis a 20 anos de prisão. "O auto de prisão em flagrante encontra-se formalmente em ordem, não havendo nulidades ou irregularidades a serem declaradas ou sanadas", diz a magistrada na decisão.

Câmeras de segurança filmaram parte do ocorrido, com o Porsche perseguindo o motociclista em alta velocidade. Kaique chegou a ser socorrido com vida, mas morreu poucas horas depois, no hospital. A Polícia Civil aguarda a finalização de laudos periciais para concluir o inquérito. Depois, o empresário vai a julgamento.

"Ressalte-se que a vida é o bem mais precioso do ordenamento jurídico, de modo que aquele que se dispõe a tirá-la ou que demonstra desprezo tal que acredita que a vida equivale a um ínfimo bem material, como no caso dos autos não pode permanecer em liberdade sob pena de abalo grave à ordem pública", salientou a juíza na decisão que manteve Sauceda preso.

Perseguição

O empresário, porém, seria reincidente em episódios de violência no trânsito. Um vídeo que circulou, ontem, nas redes sociais, mostra que uma semana antes do acidente que matou Kaique, Sauceda teria usado seu Porsche para perseguir e ameaçar uma família de empresários com quem dividia a sociedade de um bar.

O episódio aconteceu em 20 de julho, na Avenida das Nações Unidas, no sentido da Avenida Interlagos — onde ocorreu o acidente no qual o motociclista morreu. Sauceda teria perseguido o Honda City no qual estavam Cleusa Silva de Souza o marido, Erinaldo Joaquim dos Santos. As filmagens foram feitas pela filha do casal, Beatriz, que do banco de trás narra o que estava acontecendo.

"Voltou para o nosso caminho para nos provocar. Já não é mais caminho da casa deles. Lá na frente, o Porsche. Passando no nosso lado, sendo que a casa deles é em outro local", registra Beatriz.

O empresário, de 27 anos, foi indiciado por homicídio doloso com dolo eventual por motivo fútil. Para os investigadores, Sauceda assumiu o risco de atingir por trás, derrubar e matar Kaique após uma discussão de trânsito.

 

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Correio Braziliense[
postado em 01/08/2024 03:55
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