Feminicídio

Filha de deputado assassinada no MT foi ameaçada pelo ex-marido

Segundo testemunha, Romero Xavier, ex-marido de Raquel Cattani, teria dito que "se ela não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém"

Uma testemunha no caso do assassinato da empresária Raquel Cattani afirmou à Polícia Civil de Mato Grosso que a vítima era ameaçada de morte pelo ex-marido, Romero Xavier, caso não reatasse o relacionamento. Xavier foi preso na noite de quarta-feira (24/7), suspeito de ser o mandante do crime.

Raquel, que é filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), relatou as ameaças a uma amiga em 15 de julho, três dias antes de ser morta pelo ex-marido. Ela foi assassinada com mais de 30 facadas na casa onde morava, na cidade Nova Mutum, a cerca de 269km de Cuiabá.

Segundo o depoimento da testemunha, Romero disse a Raquel que “se ela não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém”. A empresária confidenciou à amiga que, após a ameaça, ela estaria trabalhando para instalar câmeras de segurança na residência onde morava, mas foi morta antes que pudesse adquirir o equipamento. O boletim de ocorrência aponta que Romero ainda tinha as chaves da casa e as fechaduras não foram trocadas depois que a dupla se separou.

O irmão de Romero, Rodrigo Xavier, também foi preso e é apontado na investigação como o autor do crime. Ele teria tentado forjar um latrocínio no local do crime, isto é, roubo seguido de morte. Ele levou alguns objetos da casa, quebrou a televisão e levou uma moto da vítima até Lucas do Rio Verde. O executor do crime jogou a moto, o celular de Raquel e a faca usada no crime em um rio da região. A Polícia vai pedir que o Corpo de Bombeiros faça buscas na área.

De acordo com a investigação, Romero levou o irmão no próprio carro às proximidades do sítio PH, cuja a dona era Raquel Cattani, e ao longo do dia teria forjado álibis que o distanciasse do crime planejado. Almoçou com o ex-sogro e teria levado os filhos do casal — um menino de 6 anos e uma menina de 3 — para a cidade de Tapurah, a cerca de 428 km da capital, distanciando-se da cena do crime.

A corporação indica que, na tarde de 18 de julho, véspera do crime, Romero chamou um grupo de pessoas com quem não tinha muito contato para um churrasco. À noite, foi a três boates em Tapurah, num comportamento que a polícia acredita ressaltar a tentativa de se distanciar do assassinato planejado e não ser considerado um dos principais suspeitos.

O ex-marido conhecia a rotina de Raquel e, para a polícia, planejou tirar os filhos da casa com antecedência. Enquanto Romero forjava o álibi, o irmão teria acompanhado de perto os passos da vítima. Raquel foi atacada ao chegar no sítio em que morava, por volta das 20h da última quinta-feira (18), e morreu no local. 

O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) chegou a defender o genro em uma publicação no X (antigo Twitter), no domingo (21). "Com o coração partido, mas preciso falar algumas coisas aqui. O marido da Raquel não foi preso, nem confessou crime algum e nem eu matei minha filha como foi noticiado. Tenham, pelo menos, respeito à dor alheia", escreveu. 

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