POLUIÇÃO

Três baleias são encontradas mortas em uma semana no litoral Norte de SP

Uma quarta carcaça de baleia foi avistada por pescadores na praia de Picinguaba, em Ubatuba, nas últimas semanas

Em uma semana, três baleias-jubarte foram encontradas mortas em praias de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, segundo o Instituto Argonauta, entidade de defesa do meio ambiente situada em Ubatuba. No dia 30 de junho, uma delas foi localizada na praia de Guaecá. Em 6 de julho, mais duas foram encontradas - uma na praia de Boraceia e outra em Paúba.

Uma quarta carcaça de baleia foi avistada por pescadores na praia de Picinguaba, em Ubatuba, nas últimas semanas. Os pescadores avisaram a equipe de monitoramento do Argonauta, mas, quando chegaram à região, os técnicos não conseguiram localizar essa baleia morta.

Com esses quatro casos, sobe para seis o número de baleias encontradas mortas no litoral norte de São Paulo durante os últimos meses.

Essas três carcaças localizadas entre 30 de junho e 6 de julho eram de baleias-jubarte juvenis (Megaptera novaeangliae), mas estavam em avançado estado de decomposição, o que impediu a identificação da causa das mortes.

"Além das possíveis causas naturais, a mortalidade destes animais pode estar relacionada à falta de alimento, doenças e interação incidental com a pesca e até abalroamento com embarcações", afirmou o oceanólogo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta.

As carcaças encontradas na areia foram enterradas, como é recomendado. "Desenvolvemos uma técnica de encalhe e acompanhamento de decomposição de carcaças quando encontradas em alto mar, que é a melhor alternativa. Porém, quando os animais já estão encalhados na areia, o enterro da carcaça é a opção adequada. Quando esse enterro é realizado de forma correta, não oferece risco de contaminação às praias. Pelo contrário, este procedimento é uma prática segura e benéfica, pois as carcaças enterradas retornam nutrientes ao ambiente, contribuindo para a manutenção da saúde do ecossistema local", disse o oceanólogo.

"As carcaças foram registradas e tiveram materiais coletados que servirão para futuras análises e pesquisas sobre a ocorrência destes animais na região", disse a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no trecho 10 (Litoral Norte de SP). O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

As baleias-jubarte são mamíferos marinhos que podem atingir 16 metros de comprimento e pesar até 40 toneladas. São animais migratórios, que anualmente percorrem grandes distâncias ao longo da costa brasileira.

No outono e no inverno, migram rumo ao Nordeste do Brasil para se reproduzir, dar à luz e alimentar seus filhotes. É nessa época que cruzam o litoral paulista, por isso se torna mais comum ver esses animais no mar. Durante o verão, eles retornam para os mares antárticos para se alimentarem.

Recentemente, o número de baleias-jubarte aumentou e a espécie saiu da lista de ameaçadas de extinção. A manutenção deste status depende da conservação dos oceanos e do habitat.

O Instituto Argonauta foi fundado em 1998 pela diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecido em 2007 como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O Instituto tem como objetivo a conservação do meio ambiente e é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos.

Mais Lidas