OBITUÁRIO

J.Borges, artista e poeta pernambucano, morre aos 88 anos

Ao longo de mais de 50 anos de trajetória artística, J.Borges produziu 314 folhetos de cordel e um número incalculável de xilogravuras

J.Borges nasceu no Sítio Piroca, zona rural de Bezerros, município do Agreste Central, no dia 20 de dezembro de 1935 -  (crédito: Reprodução/Instagram/@memorialjborges)
J.Borges nasceu no Sítio Piroca, zona rural de Bezerros, município do Agreste Central, no dia 20 de dezembro de 1935 - (crédito: Reprodução/Instagram/@memorialjborges)

Morreu, na manhã desta sexta-feira (26/7), o artista e poeta J.Borges, aos 88 anos. Ícone da xilogravura, ele morava em Bezerros, no Pernambuco. O velório de J. Borges está marcado para a tarde desta sexta-feira (26/7) no Centro de Artesanato de Pernambuco. O sepultamento será no sábado, no Cemitério Parque dos Eucaliptos. 

Segundo o governo de Pernambuco, o artista nasceu no Sítio Piroca, zona rural de Bezerros, município do Agreste Central, no dia 20 de dezembro de 1935, e foi por meio das histórias contadas na hora de dormir pelo pai, o agricultor Joaquim Francisco Borges, que José Francisco Borges, o mestre J. Borges, entrou para a poesia de cordel.

Em 1964, estimulado pelo poeta e amigo Olegário Fernandes, o pernambucano escreveu o primeiro folheto, O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, com capa ilustrada pelo mestre cordelista e xilogravurista José Soares da Silva, conhecido como Dila.

A xilogravura produzida por J.Borges ganhou projeção a partir dos anos 1970, quando os artistas plásticos José Maria de Souza e Ivan Marquetti encomendaram as primeiras gravuras em grande formato, tendo como temática o folclore nordestino.

Ao longo de mais de 50 anos de trajetória artística, J.Borges produziu 314 folhetos de cordel e um número incalculável de xilogravuras já expostas em diversos museus, como o Louvre, na França, o de Arte Popular do Novo México, em Santa Fé (EUA), o de Arte Moderna de Nova York e a biblioteca do Congresso norte-americano, em Washington.

"Em madeiras como a imburana e o louro canela, usadas no entalhe cuidadoso das matrizes que dão origem às gravuras, mestre J. Borges plasma, reinventa e dá nossos significados ao imaginário nordestino. Um universo em plena expansão e densamente povoado por figuras encantadas, seres alados, animais, anjos, demônios, o povo e sua resiliência, cangaceiros, vaqueiros, cantadores, entre outros tantos heróis populares talhados sob o sol do Sertão", destaca o portal Artesanato de Pernambuco, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado.

 
 
 
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Autoridades lamentam a morte de J.Borges

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), lamentou a morte de J.Borges e relembrou o legado do artista. "J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco pro mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos", disse.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, se solidarizou com os familiares, amigos e admiradores do trabalho de J.Borges. "Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento do xilogravador e cordelista J. Borges, um dos grandes nomes da cultura pernambucana e brasileira. Meus pêsames aos familiares, amigos e todos os admiradores do seu trabalho. Sua arte sempre nos encheu de orgulho e sempre será lembrada por todos nós", disse o ministro, que é natural de Recife.

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postado em 26/07/2024 09:26 / atualizado em 26/07/2024 12:50
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