O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Sociedade Brasileira de Dermatologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica protocolaram na sexta-feira (19/7) um documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedindo o fim da suspensão de uso do fenol no país. Ainda não há prazo para um retorno sobre o pedido.
No relatório, foram apresentadas centenas de referências científicas que comprovam que o uso do fenol é seguro e eficaz, quando feito por médicos, no tratamento de diversas doenças como: câncer, incluindo tumores ósseos e metástases ósseas (oncologia); para tratar condições como hemorroidas internas (coloproctologia), para controlar sangramentos (urologia); e para o manejo de dores crônicas não malignas refratárias (neurologia).
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (22), as entidades deram mais detalhes sobre o documento que conta e destacaram a importância do medicamento para tratamentos e quando usado de maneira correta por médicos.
"O fenol é um medicamento invasivo e portanto deve ser aplicado por um médico habilitado que conheça as contraindicações e possíveis efeitos adversos", destacou Heitor Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, na ocasião.
De acordo com o presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, o Conselho segue em contato direto com a Anvisa sobre o tema e espera uma resposta em breve sobre o documento enviado. Ele destacou também que eles defendem que a venda da substância seja feita por meio de prescrição médica de profissionais habilitados para fazer os procedimentos.
Quando a substância pode ser utilizada?
Um dos trechos do documento apresenta todos os tratamentos e doenças que requerem o uso do fenol em diferentes áreas, de acordo com as entidades. São eles:
Urologia
Utilizado em diversas condições incluindo cistite hemorrágica severa, bexiga hiperativa, tumores vesicais, cistite intersticial, hiperplasia prostática benigna e hidrocele. Suas aplicações envolvem instilação intravesical para controlar sangramentos, injeções subtrigonais para reduzir a hiperatividade do detrusor, e escleroterapia para tratar hidrocele.
Neurologia
A neuroablação com fenol é uma abordagem terapêutica eficaz para o manejo de dores crônicas não malignas refratárias, caracterizada pela administração precisa de fenol em diversas concentrações. Guiada por fluoroscopia, esta técnica destrói seletivamente as fibras nervosas sensoriais, interrompendo a transmissão nociceptiva ao sistema nervoso central e proporcionando alívio prolongado da dor. Aplicada em diversas condições clínicas, como dor de membro fantasma, neuralgia do trigêmeo, síndrome de dor miofascial, dor lombar crônica e dor oncológica, a neuroablação com fenol oferece uma alternativa valiosa quando os tratamentos convencionais são insuficientes, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes afetados.
Otorrinolaringologia
Nestes casos, o fenol é útil em miringotomia, inserção de tubos de ventilação, no manejo da dor associada à otite média purulenta e no tratamento de otalgia refratária. Coloproctologia O fenol é amplamente utilizado na coloproctologia para tratar condições como hemorroidas internas, fístulas anorretais e fissuras anais crônicas.
Oncologia
O fenol é um agente adjuvante no tratamento de diversos tipos de câncer, incluindo tumores ósseos e metástases ósseas, utilizado para promover a necrose tumoral e reduzir a recidiva.
Dermatologia
Na dermatologia, o fenol ocupa um lugar importante dentre o arsenal terapêutico inúmeras condições. Para algumas doenças, como o tratamento do campo de cancerização, seu uso é imperativo, dados os altos índices de evolução da área para carcinomas e a limitação terapêutica. Em unhas, a fenolização da matriz unguel é a única terapia efetiva em pacientes com onicocriptose.
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