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6 em cada 10 meninos no Brasil não tem referência positiva de masculinidade

Dados são do estudo nacional "Meninos: Sonhando os homens do futuro", que ouviu mais de 4 mil adolescentes

Pesquisa revelou que só 5 em cada 10 meninos adolescentes têm certeza se são amados pelo pai -  (crédito: Reprodução Freepik)
Pesquisa revelou que só 5 em cada 10 meninos adolescentes têm certeza se são amados pelo pai - (crédito: Reprodução Freepik)

Uma pesquisa intitulada de Meninos: Sonhando os homens do futuro revelou que 6 em cada 10 meninos não têm referência positiva de masculinidade. O estudo nacional realizado pelo Instituto PDH e PapodeHomem, viabilizado pela Natura e com apoio do Pacto Global da ONU no Brasil, ouviu mais de 4 mil adolescentes, e traz à tona preocupantes insights sobre a percepção dos jovens em relação ao desenvolvimento masculino.

O fundador do Instituto PDH e idealizador da pesquisa, Guilherme N. Valadares, aponta que “é muito difícil ser o que não conseguimos ver. Por isso é tão importante que os meninos tenham convivência com homens que assumam sua responsabilidade em serem exemplos de masculinidades mais responsáveis e conscientes.”

Ao associar o dado à falta de certeza sobre ser amado pelo pai, outro dado estudado na pesquisa, Marlon Nascimento, psicólogo clínico e social especialista no atendimento de homens e jovens negros e de periferia, pontua que para grande parte dos jovens entrevistados, a incerteza de serem amados e falta de referências acaba gerando uma grande angústia. 

“Se fizemos o recorte para meninos negros, que já carecem de referências, pois seu pai sofre impacto direto de diversos aspectos sociais, inclusive das violências, percebemos a complexidade do debate na dimensão étnico-racial. Isso só reforça a necessidade de políticas públicas específicas para esse público”, diz o psicólogo.

A diretora global de perfumaria da Natura, Cláudia Pinheiro, aponta que a pesquisa é importante para a construção de referências positivas para os meninos. “A Natura é uma marca que sempre acreditou e levantou pautas importantes para a sociedade. Viabilizar esse projeto nos permite traçar com profundidade o perfil dos meninos de hoje e suas perspectivas para o amanhã, identificando suas dores e seus sonhos. E a partir disso, pensar e colaborar fortemente no desenvolvimento de cada indivíduo, além de contribuir a se tornarem adultos conscientes de suas atitudes”, reforça a executiva.

O estudo também revelou que 6 em cada 10 responsáveis por meninos entre 13 e 17 anos gostariam que seus filhos aprendessem sobre cuidados estéticos, um índice que se alinha ao interesse dos próprios meninos. Meninos de escolas públicas mostraram maior interesse (63%) em aprender sobre estética e beleza em comparação com os de escolas privadas (56%), quebrando estereótipos de gênero e indicando que os jovens da geração Z se importam significativamente com cuidados estéticos.

 “Percebemos que os meninos entendem que existem outras possibilidades para ser homem, mas não conseguem encontrar ao seu redor homens que possam inspirá-los nesse caminho. Com poucas referências positivas, acabamos perdendo esses meninos para performances de masculinidades marcadas pela violência e pelo poder sobre meninas e mulheres. Os meninos estão nos dizendo que querem ser homens melhores no futuro. Mas o que nós vamos fazer para garantir isso?”, comenta Viviana Santiago, consultora estratégica do projeto.

Iniciado em janeiro de 2023, o projeto Meninos: Sonhando os Homens do Futuro engloba pesquisa, documentário e um currículo para escolas e espaços esportivos. Desenvolvido com apoio institucional do Pacto Global da ONU no Brasil, o projeto foi apresentado na 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, em Nova York. Aplicada entre agosto e outubro de 2023, a pesquisa ouviu 4 mil meninos de 13 a 17 anos, além de meninas e responsáveis, para desenhar um cenário mais próximo da realidade dos garotos.

 

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postado em 19/07/2024 18:30
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