A mineira que está organizando uma vaquinha online para ir até a Suíça realizar eutanásia usou as redes sociais, após receber diversos comentários negativos, para pedir empatia e respeito por sua decisão de recorrer ao procedimento. Carolina Arruda Leite, de 27 anos, vive em Bambuí, na Região Centro-Oeste do estado, e sofre de neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face.
No vídeo divulgado por Carolina em seu perfil, ela relata que seus familiares e amigos também estão recebendo mensagens e pedidos para fazê-la mudar de ideia. “Tenho a maior dor do mundo segundo a medicina. Tem gente que enviou mensagem para meus familiares e estão os atormentando. Eles estão lidando com a situação da melhor forma que podem”, conta.
- Leia também: A brasileira de 27 anos que luta para obter direito a eutanásia no exterior
- Leia também: Eutanásia na Suíça: jovem diz que doará dinheiro que sobrar da vaquinha
Nos comentários, usuários sugerem tratamentos e trazem a tona uma discussão moral e religiosa sobre a eutanásia. “Você já fez tudo o que podia; agora é a vez de Deus agir. Deixe Ele dominar esta causa. Ele faz milagres! Não queira morrer, por favor. Confie que Deus pode fazer uma reviravolta em sua história”, comentou um internauta.
Outro usuário escreveu: “A eutanásia pode piorar muito sua situação. A perda do corpo físico não é o fim de tudo (...) Lamento muito pelo que você está passando. Mas é melhor superar isso e lutar contra isso estando encarnada. Eutanásia manda para o inferno a pessoa”.
Em uma foto em que celebrava a graduação em medicina veterinária, Carolina receu comentários que questionavam um possível golpe. "Como em abril ela estava em contagem regressiva para o final do curso e hoje já quer eutanásia?", perguntou uma usuária. "Engraçado que para fazer vídeos não tem dor, não sai da internet para ganhar dinheiro nas custas de pessoas inocentes. O mundo está perdido", apontou outra internauta.
“Vocês mencionam curas milagrosas e tratamentos revolucionários. Agradeço a esperança, mas já passei por inúmeros tratamentos nesses 11 anos, como cirurgias, procedimentos alternativos, curas energéticas, tentei de tudo para aliviar essa dor insuportável, mas ela persiste”, pontua Carolina.
Diante de comentários indicando possíveis “soluções" para a condição de Carolina, a jovem fez um apelo. “Não é falta de fé, não é falta de Deus, nem falta de tentar todas as opções possíveis. Só quem passa (por isso) consegue entender. Olhem para minha história com um pouco mais de empatia. É uma doença incurável, não existe cura nem tratamento milagroso. Peço para as pessoas terem um pouco mais de empatia antes de sugerir tratamentos para a minha doença”, afirma.
Carolina aproveitou a mensagem para reiterar o pedido de contribuição para a vaquinha, que arrecadou mais de R$ 78 mil. A meta, no entanto, é de R$ 150 mil.
O caso de Carolina
No texto da vaquinha, Carolina compara os sintomas causados pela neuralgia do trigêmeo bilateral a “choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede de 220 volts, que atravessam meu rosto constantemente, sem aviso e sem trégua".
A mineira relata como a condição afeta todos os aspectos da vida dela, desde a realização de tarefas simples até a realização de atividades prazerosas, como a leitura, os estudos e a prática de atividades físicas, que ela conta ter amado antes da doença dominá-la. “Cada dia é uma batalha constante e exaustiva. A esperança de uma vida sem dor tem se tornado cada vez mais distante, e a qualidade de vida, praticamente inexistente”, desabafa Carolina.
“Depois de esgotar todas as opções médicas disponíveis e enfrentar uma dor insuportável diariamente, tomei a difícil decisão de buscar a eutanásia como uma forma de encerrar meu sofrimento de maneira digna”, diz Carolina. A jovem pretende fazer o procedimento na instituição Dignitas, na Suíça.
Destino desejado por Carolina, a Suíça é um dos países que permitem a realização da eutanásia, assim como Portugal, Holanda e Bélgica, além de alguns estados dos Estados Unidos.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br