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Chefe, síndico e embaixador: a rotina do comandante da Estação Antártica

Chefe da estação, capitão de fragata Wagner Machado, está em Comandante Ferraz desde 2023. Diante do primeiro inverno austral, explica como funciona a estação

Wagner Machado, chefe da Estação Antártica, aguarda uma nova leva de cientistas -  (crédito: Arquivo pessoal)
Wagner Machado, chefe da Estação Antártica, aguarda uma nova leva de cientistas - (crédito: Arquivo pessoal)

Quando os integrantes da próxima Operação Antártica desembarcarem, em outubro, na estação Comandante Ferraz, vão encontrar a casa arrumada, laboratórios prontos, equipamentos com manutenção em dia e comida quente à mesa. O chefe da estação, capitão de fragata Wagner Machado, está lá desde o ano passado e, neste momento, enfrenta seu primeiro inverno austral. Em um raro dia de tempo aberto, ele conversou com a reportagem por videoconferência. Do lado de fora das instalações, a temperatura girava em torno de 10ºC negativos. Na sala de reuniões, agradáveis 22º positivos.

"Quando recebemos visitantes estrangeiros, eles ficam impressionados com a nossa estação, com nossa capacidade de realizar pesquisa, com nosso desenvolvimento tecnológico. É um nível de conforto que não há nada parecido nas estações que operam aqui, nesta parte da Antártica", conta o capitão Machado.

Em nada a atual estação antártica lembra as instalações anteriores, destruídas no incêndio de 2012. A imponente estrutura retangular projetada pela empresa paranaense Estudio 41, de Curitiba, domina a paisagem gelada. São 4,5 mil m² de área construída (a anterior tinha 2,5 mil m²) divididos em seis setores. A estação abriga 14 laboratórios de pesquisa e monitora remotamente outros três, instalados em pontos isolados da região.

Como chefe e "zelador" da estação, o capitão Machado também cumpre o papel informal de embaixador do Brasil na Antártica, uma terra sem governos, administrada por um consórcio de países, e que sofre grande pressão internacional para que seus recursos naturais possam ser explorados. O Tratado da Antártica, porém, estabelece uma série de restrições para atividades econômicas no continente. O Brasil, historicamente, defende que a região permaneça sob administração coletiva, blindada das pressões geopolíticas.

"O trabalho que fazemos aqui ultrapassa o que a gente faz na Marinha, temos uma visão clara disso. Eu recebi tripulações de navios peruanos, chilenos, equatorianos, colombianos, e a gente tem esse papel de relações exteriores aqui na Antártica. A Antártica não tem dono. O espírito é de colaboração, de apoio a qualquer militar ou pesquisador que venha até aqui, na estação".

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postado em 03/07/2024 03:55
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