Memória

Homenagem a Dom e Bruno promove reflexão sobre política ambiental e povos indígenas

O jornalista britânico e o indigenista brasileiro foram assassinados no dia 5 de junho 2022 no Vale do Javari, no Amazonas

Há dois anos, em 5 de junho, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Philips foram assassinados no Vale do Javari, terra indígena no oeste amazonense, enquanto colhiam entrevistas para um livro sobre a Amazônia e seus povos. Em memória de Bruno e Dom, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e o Ministério dos Povos Indígenas promoveram uma solenidade nesta quarta-feira (5/6). 

Antes da cerimônia, foi inaugurada uma projeção no prédio do Ministério dos Direitos Humanos com fotos dos dois profissionais junto à frase "a luta pelo Vale do Javari continua". 

A homenagem passou em seguida ao Memorial dos Povos Indígenas, com a presença da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e outras autoridades, inclusive dos povos indígenas do Vale do Javari. 

"Estamos comprometidos a fazer valer todo o legado, a memória [indígena], para que justiça seja feita por esse crime bárbaro cometido contra Dom Philips e Bruno Pereira", disse a ministra Sonia Guajajara. "[Esse crime] atingiu não só suas famílias e os povos indígenas brasileiros, mas foi um ataque direto à democracia brasileira e a segurança dos povos indígenas", completou. 

 

A ministra Marina Silva afirmou que o dia 5 de junho traz a ela sentimentos conflitantes: de alegria, pois na data também é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas tristeza pelo assassinato de Dom e Bruno. "Essa história eu venho acompanhando há muito tempo. Desde os 19 anos vejo [pessoas] perderem vidas, foi primeiro o Chico Mendes, depois Wilson Pinheiro, Evangino, Jonas... Essas pessoas estão comigo", enfatizou a ministra. 

Em sua fala, o ministro Sílvio Almeida argumentou que o ato de lembrar memória dos dois profissionais na solenidade é uma ação política. Ao Correio, ele ressaltou que Dom e Bruno são exemplo para todo o Brasil. "Foi uma solenidade que marca a posição do Estado brasileiro em prol da defesa dos direitos humanos, principalmente resgatando a memória de dois personagens tão importantes da nossa história recente que se notabilizaram pela luta pelos direitos dos povos indígenas, dando um exemplo para todo o país". 

O processo judicial contra os cinco suspeitos de assassinarem e ocultarem os corpos de Dom e Bruno está em andamento. No entanto, a subseção Judiciária Federal de Tabatinga (AM) ainda não marcou o julgamento dos três principais acusados, indiciados pelo Ministério Público em julho de 2022. 

 Confira a projeção no Ministério dos Direitos Humanos

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