A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participou na tarde desta quarta-feira (5/6) de evento em memória ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, assassinados há dois anos durante uma viagem pelo Vale do Javari. Na ocasião, ela relembrou a trajetória dos dois.
"A liberdade de expressão tão essencial para a democracia foi a principal ferramenta de Dom Phillips. Ele acreditava que dar voz aos terciários é a chave para uma sociedade mais justa e igualitária. Seu trabalho incansável trouxe luz às injustiças e violências sofridas pelos povos indígenas e sua ausência deixa um vazio imensurável no jornalismo investigativo", iniciou a ministra.
"Bruno Pereira, por sua vez, dedicou sua vida à defesa dos direitos dos povos indígenas. Como servidor da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), ele não mediu esforços para proteger as comunidades vulnerabilizadas e garantir que suas vozes fossem ouvidas", acrescentou.
"É o momento de a gente reforçar a memória e a luta deles. Para manter vivo todo esse legado e evitar que casos tão trágicos como esse continuem acontecendo. É um tributo à memória desses homens extraordinários que dedicaram suas vidas à defesa dos direitos humanos, da liberdade de expressão, da proteção do meio ambiente e dos povos indígenas do Vale do Javari", declarou ainda a ministra.
Ela discursou durante evento no Cine Brasília que exibiu o documentário Vale dos isolados: o assassinato de Bruno e Dom, feito por um consórcio de 16 veículos de comunicação. Na ocasião, estavam presentes também as viúvas de Dom, Alessandra Sampaio, e de Bruno, Beatriz Matos.
Ainda nesta quarta estão previstos outros dois atos na capital federal para relembrar o ocorrido. Uma projeção de imagens de Bruno e Dom será realizada no Bloco A da Esplanada dos Ministérios, às 18h, com a presença de Sonia e, também, do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. Na sequência, às 19h30, haverá um ato em frente ao Memorial dos Povos Indígenas.
Relembre a história
Bruno Pereira era indigenista e funcionário da Funai. Já Dom Phillips era um jornalista britânico do The Guardian. Ambos estavam a trabalho no Vale do Javari, no Amazonas, onde há a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo, para denunciar a exploração do meio ambiente e a situação precária de quem vive no local.
Em 5 de junho de 2022, os dois desapareceram e os corpos foram encontrados 10 dias depois na Floresta Amazônica. Até o momento, cinco pessoas foram presas acusadas de estarem ligadas ao crime.