O dia 29 de junho marca dois meses da maior tragédia do estado do Rio Grande do Sul. O nível do Guaíba segue mais de 20 cm acima da cota de alerta, na marca de 3,36 metros, de acordo com a medição do Serviço Geológico do Brasil, na Usina do Gasômetro.
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A enchente de 2024 já é maior que a de 1941, segundo aponta o estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH). Até abril deste ano, a maior cheia registrada havia sido em 8 de maio de 1941, quando o Rio Guaíba chegou ao auge histórico, até então, de 4,76 metros em Porto Alegre, com a chuva acumulada na bacia hidrográfica medindo 592 mm. Já em 2024, no dia 5 de maio, Guaíba chegou ao nível máximo de 5,33 metros, e a chuva acumulada na bacia hidrográfica atingiu 6,52 mm.
Em 24 de abril, o estado começou a enfrentar as primeiras chuvas, mas, apenas em 29 de abril, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) fez o primeiro alerta de perigo. Dois dias depois, no dia 1° de maio, o governador do Rio Grande do Sul , Eduardo Leite, anunciou oficialmente o estado de calamidade pública em toda a região gaúcha.
No dia 1º de junho, o Guaíba ficou abaixo da cota de inundação pela primeira vez, e atingiu 3,44m no segundo dia do mês, 16 cm abaixo da referência de 3,60 m. Porém, novas chuvas que atingiram Porto Alegre no próprio dia 2, fizeram a ele subir mais de 40cm em menos de 24 horas, o que levou o nível a 2,86 m, novamente acima da cota. Isso ocorreu logo após a correção da medição do lago, que estava sendo feita de forma errada desde o dia 3 de maio e foi corrigida somente no dia 28 do mesmo mês. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) reconheceu o erro.
Durante o mês de junho, houve uma trégua entre os dias 7 e 19, quando ficou ininterruptamente abaixo da cota de alerta, que é de 3,15 m. Porém voltou a subir, e até o momento permanece acima do nível de atenção do estado.
De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, a quantidade de mortos subiu para 179 e ainda há 34 desaparecidos. Os dados apontam que mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas em 478 municípios, com total de 388.781 desalojados.
A chefe de Comunicação Social da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, tenente Sabrina Ribas, explica que eventos meteorológicos adversos, como os que afetaram o estado no decorrer destes 2 meses, são cíclicos e que o órgão estadual não trabalha com uma data para o fim da tragédia. “Não são só inundações e alagamentos, os eventos podem ser granizo, chuvas intensas e ciclones. O evento de maio, por exemplo, já encerrou, mesmo tendo dados pendentes ainda. A gente (Defesa Civil) está agora com o evento de junho em andamento, que iniciou dia 14 deste mês, e acredito que deva ser finalizado”, afirma Sabrina.
Os prejuízos totais no estado, atualizados na última sexta-feira (28/6) somam R$ 12,5 bilhões com as chuvas no território, segundo o último boletim da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O setor mais prejudicado foi o habitacional, com impacto de R$ 4,7 bilhões e cerca de 112 mil casas danificadas ou destruídas.
O setor público, por sua vez, corresponde a um total de R$ 2,6 bilhões de perdas, sendo somente obras de infraestrutura (pontes, calçamento, asfaltamento de ruas e avenidas, viadutos, sistemas de drenagens urbanas ) responsáveis por R$ 1,8 bilhão. Já no privado o total foi de R$ 5,2 bilhões, sendo R$ 4,3 bilhões relativos à agricultura e R$ 373 milhões à pecuária.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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