A operação deflagrada nesta quinta-feira (27/6) contra ex-diretores da Americanas S/A é fruto de investigação iniciada em janeiro de 2023, após a empresa ter comunicado a existência de inconsistências contábeis e um rombo patrimonial estimado, inicialmente, em R$ 20 bilhões.
Foram identificados contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.
A fraude bilionária levou a empresa a entrar com o pedido de recuperação judicial, que é um processo que permite que companhias suspendam e renegociem parte das dívidas acumuladas em um período de crise, evitando o encerramento das atividades, demissões e falta de pagamentos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), pouco tempo depois que a Polícia Federal começou a investigação, o MPF foi procurado pelos atuais dirigentes das Americanas, que manifestaram interesse em colaborar com as apurações com informações, inclusive, sobre o funcionamento do esquema de fraude para ludibriar o mercado de capitais.
A formalização do acordo de colaboração premiada auxiliou nas apurações iniciadas pela Polícia Federal. Ao longo da investigação, foi estabelecida uma intensa cooperação por parte do comitê externo constituído pela empresa para apurar o ocorrido. Foram ouvidos colaboradores, investigados, realizadas perícias e análises em materiais fornecidos pela empresa e pelos colaboradores, seguindo as diretrizes estabelecidas para o resguardo da prova digital.
Em junho de 2023, a empresa comunicou oficialmente ao mercado que havia encontrado inconsistências nas demonstrações financeiras, reforçando a existência da fraude contábil.
A operação da Polícia Federal
Na manhã desta quinta-feira (27/6),a Polícia Federal deflagrou, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Operação Disclosure, que busca elucidar a participação dos ex-diretores da empresa Americanas em fraudes contábeis que, conforme divulgado pela própria empresa, chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões. A investigação contou ainda com o apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os ex-diretores das Lojas Americanas alvos de dois mandados de prisão preventiva são considerados foragidos pela Polícia Federal. Os mandados autorizados pela Justiça Federal não foram executados porque os ex-executivos estão no exterior — ainda não se sabe em qual país. Também estão sendo cumpridos 15 de busca e apreensão no Rio de Janeiro.
A investigação da PF, que conta com a colaboração da atual diretoria da empresa, revelou a prática de crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O que diz a Americanas?
Em nota enviada ao Correio, a Americanas afirmou que confia nas autoridades que investigam o caso e disse que foi vítima de uma fraude de resultados pela antiga diretoria.
"A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos", disse a empresa.
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