TRAGÉDIA NO SUL

Número de mortes por leptospirose sobe para 17 e preocupa autoridades no RS

Quarto mortes seguem sob investigação no estado e sete estão descartadas. Até o momento, 242 casos foram confirmados no total

No processo de limpeza das casas após as enchentes, a lama acumulada também pode ser transmissora de doenças -  (crédito: GUSTAVO GHISLENI / AFP)
No processo de limpeza das casas após as enchentes, a lama acumulada também pode ser transmissora de doenças - (crédito: GUSTAVO GHISLENI / AFP)

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul confirmou, na última terça-feira (11/5), mais duas mortes por leptospirose no estado, elevando o total para 17 vítimas desde as fortes chuvas que assolaram os gaúchos em maio. Quatro óbitos ainda estão sob investigação e sete foram descartados.

De acordo com a SES/RS, foram notificados 4.516 casos da doença em 2024, 242 destes foram confirmados, outros 3.270 estão sendo investigados e 1.004 foram descartados. O número de mortes causadas pela enfermidade durante todo o ano de 2023 no estado foi de 25, somando 477 casos.

A chefe da Vigilância Epidemiológica do estado, Roberta Vanacor, diz que pode haver uma subnotificação de casos e que o número real deve ser maior. “Em uma situação de calamidade, as equipes de vigilância epidemiológica ficam bastante sobrecarregadas, e essa notificação não está sendo feita de forma sistemática, porque algumas delas demoram a chegar ao estado.”

O professor e especialista em leptospira, Alexander Alberto Tonin, por sua vez, explica que o auge da contaminação já passou devido à baixa das águas, e que a “tendência é de que o número de mortes não aumente na mesma velocidade de antes”.

Vanacor alerta, contudo, que, no processo de limpeza das casas, a lama também pode ser transmissora de doenças, e por isso é recomendado o uso de equipamento de proteção individual (EPI). “Deve-se utilizar roupas longas, cobrindo a maior parte do corpo possível, preferencialmente luvas e botas de borracha para evitar contato com a bactéria”, recomenda.

“Na indisponibilidade da utilização desses EPIs, desses equipamentos de proteção individual, a gente recomenda, então, que utilizem sacos plásticos duplos nos pés e nas mãos, evitando o contato da pele direto com essa lama proveniente da enchente”, destaca a chefe da Vigilância Epidemiológica. Ainda segundo ela, o uso de equipamentos de proteção deve ser feito também para evitar outros perigos. “A gente também tem a preocupação de acidentes com animais peçonhentos, como cobras, aranhas, escorpiões.”

Leptospirose

A leptospirose, causada pela bactéria Leptospira interrogans, é uma doença infecciosa que se propaga principalmente pela exposição à urina de animais infectados, especialmente roedores. Durante enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama, aumentando significativamente o risco de contaminação.

Os principais sintomas são “febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas batatas das pernas), falta de apetite e náuseas ou vômitos”, informa a Vigilância do estado. O tratamento contra a leptospirose é eficiente, mas é preciso procurar ajuda médica assim que houver suspeita da doença, completa a pasta.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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postado em 13/06/2024 18:35 / atualizado em 13/06/2024 18:36
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