O Rio Grande do Sul terá um fim de semana de trégua depois de 24 horas com chuvas fortes e novos alagamentos em vários pontos do estado. Ao todo, a tragédia deixou até agora 163 mortos, 63 desaparecidos, 581.638 desalojados e 63.918 pessoas vivendo em abrigos.
A trégua será porque uma onda de ar frio avança pelo estado e vai baixar a temperatura — o que já pode ser verificado ontem, com uma média de 16° em todo o estado. Estão previstas também rajadas de vento de até 70km/h, que impactarão no escoamento das águas.
Na região de Pelotas, a água acumulada na Praia do Laranjal — que extravasou da Lagoa dos Patos — não conseguirá voltar ao mar. No caso do Lago Guaíba, o vento também represará o acumulado das chuvas, que não terá força para seguir o fluxo rumo ao oceano. A previsão meteorológica é de dias de frio e de estagnação no nível das enchentes.
A prefeitura de Pelotas chegou a emitir um alerta, ontem, para o possível alagamento da cidade, devido à alta precipitação dos últimos dias combinada com o represamento da água por causa dos ventos. O canal São Gonçalo, que liga a Lagoa Mirim à dos Patos, atingiu 2,88m, o mesmo nível da histórica enchente de 1941.
Na região central do estado, a previsão de alto acúmulo de chuva continua assustando alguns municípios. Santa Maria registrou um índice pluviométrico de 138mm em menos de 48 horas. O nível de rios que cortam a região também aumentou — caso do Jacuí, principal afluente do Guaíba, que estava com 9,27m de profundidade, bem acima da cota de inundação.
A Defesa Civil do estado adiantou que na segunda e na terça-feira o Rio Grande do Sul estará em alerta, com riscos hidrológicos e meteorológicos, devido ao retorno do alto volume de chuvas.
Linha de crédito
O governo federal prepara, para a próxima semana, o anúncio de uma linha de crédito voltada para grandes empresas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul. O valor ainda não está fechado, mas, segundo integrantes do Ministério da Fazenda, poderá "passar de R$ 10 bilhões".
A expectativa é de que o anúncio seja feito, na segunda-feira, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A ideia é atender as grandes empresas do setor industrial e do agronegócio, que não haviam sido contempladas nas primeiras medidas de crédito anunciadas pelo governo, há 15 dias.
O operador desses novos financiamentos será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que receberá recursos da União para oferecer taxas de juros abaixo das praticadas pelo mercado. Nesse caso, não haverá garantia do Tesouro, uma vez que a avaliação do Ministério da Fazenda é de que essas grandes empresas têm suporte de garantia, e o auxílio será dado via redução do custo do financiamento.
Será editada uma medida provisória para viabilizar a transferência de recursos para o BNDES e, segundo um integrante da equipe do ministro Fernando Haddad, a despesa não será contabilizada para o cumprimento da meta de resultado primário. A equipe econômica espera, com isso, concluir a primeira etapa do auxílio a empresas e pessoas físicas atingidas pelas inundações no Rio Grande do Sul. (Com Agência Estado)