TRAGÉDIA NO SUL

Guaíba ultrapassa os 4 m e inundação não tem previsão de acabar

Ultima medição do lago mostrou uma nova subida e previsão é de alta até pelo menos o início de junho

O nível do Lago Guaíba atingiu 4,03 metros no Cais Mauá na medição das 13h desta sexta-feira (24/5), superando novamente a marca dos 4 metros depois de dois dias abaixo dela. Previsão do Instituto de Pesquisas Hídricas (IPH) alerta que o volume do Guaíba deve permanecer acima da cota de inundação pelo menos até 7 de junho.   

Comportas, que haviam sido derrubadas nesta semana para auxiliar na vazão da água, estão sendo fechadas com sacos de areia misturada com cimento.

O aumento ocorreu após o registro de chuvas intensas na Região Metropolitana de Porto Alegre, que chegaram até 100mm na quinta-feira (23). A previsão do IPH é de chuvas de até 30 mm nas próximas 24 horas em partes do estado, e de até 70 mm entre segunda (27) e terça feira (28).

Falsa "normalidade"

Regiões que já estavam ensaiando a volta à normalidade tiveram que ser evacuadas novamente e escolas que haviam sido reabertas voltaram a cancelar as aulas. O professor de ecologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Marcelo Dutra, afirma que essa tentativa de retorno ao “normal” é perigosa. E ressalta que criar uma expectativa na população que não pode ser realizada na prática acaba gerando frustração.

Dutra acredita que a intensidade da tragédia deve continuar por tempo indeterminado. “O evento extremo ainda não acabou. Vamos provavelmente presenciar novas subidas, enquanto tivermos chuvas.” 

Todos afluentes do Lago Guaíba registraram alta. O Rio Gravataí registrou 5,29 m e sua cota de inundação é de 3 m. O afluente mais importante também voltou a subir e está quase 2 m acima da cota, registrando 9,24 metros na última medição.

O meteorologista Francisco Diniz afirma que essas altas representam um atraso em uma possível descida do Guaíba. Além dessas águas, que devem descer para a Lagoa dos Patos e gerar uma preocupação para Pelotas e regiões próximas, Dutra, que está em Porto Alegre, conta que a situação atual já é de alerta total.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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