tragédia no sul

Risco de onda de inadimplentes no Rio Grande do Sul

Entidade de Microcrédito e Microfinanças teme que a devastação do estado gere uma série de inadimplentes. Para aliviar o bolso dos gaúchos, o BNDES estendeu o prazo do pagamento de dívidas em um ano

Capão da Canoa (RS) — A Associação Brasileira das Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred) teme que a devastação do Rio Grande do Sul causada pelas enchentes gere uma grande quantidade de pessoas inadimplentes, uma vez que aqueles que tomaram empréstimos podem não ter condições de pagá-los. A advertência é de uma carta que a entidade remeteu à Caixa, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Segundo Isabel Baggio, presidente da Abcred, a estimativa é que a inadimplência dos gaúchos possa se estender por dois anos e ter “consequências imprevisíveis na liquidez das instituições operadoras e deterioração de todos os indicadores de risco”. Ao todo, oito instituições de microcrédito atuam no estado, com carteira ativa de R$ 150 milhões, que tem como tomadores de empréstimos aproximadamente 15 mil clientes.

Para amenizar o impacto da inadimplência, a Abcred pleiteia a prorrogação do pagamento da carteira atual e uma linha emergencial de até R$ 100 milhões, com maior prazo de carência e juros de, no máximo, 3% ao ano. “Com isso, conseguimos que as instituições que operam nas regiões atingidas tenham condições de oferecer crédito para reconstrução dos empreendimentos e volta às atividades, por meio de novas operações”, explica a carta da Abcred.

O BNDES, no entanto, já anunciou a suspensão do pagamento das dívidas de empresas e produtores rurais no Rio Grande do Sul por 12 meses. Além disso, lançou uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para micro, pequenas, médias empresas e microempreendedores individuais (MEIs), através do Programa Emergencial de Acesso a Crédito. 

O comércio de roupas, vestuário e acessórios, salões de beleza e condomínios imobiliários foram os setores mais atingidos pelas enchentes. É o que afirma levantamento feito pela startup catarinense LifesHub.

Ao todo, são 162 mil empresas ativas que funcionavam em locais alcançados pela água — 2,4 mil foram abertas nos últimos 30 dias. Juntas, essas firmas têm faturamento anual estimado em R$ 274 bilhões. A maioria (118.707) fatura menos de R$ 360 mil anuais e emprega até cinco pessoas.

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