A enchente histórica na capital do Rio Grande do Sul levou a metrópole com mais de 1,3 milhão de habitantes a uma crise sem precedentes, com diversas partes da cidade inundadas. Nem mesmo o aeroporto internacional da cidade escapou, ficando debaixo d’água.
Com todos os voos cancelados até o final do mês e com o volume das águas se mantendo alto, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, voltou a apelar para que os moradores que puderem deixar a cidade, o façam. Sem condições de operação, com as pistas de pousos e decolagens e todo o primeiro piso do terminal de passageiros alagado, a concessionária Fraport Brasil comunicou, ontem, à Força Aérea Brasileira que a retomada das operações só acontecerá depois de 30 de maio, apesar da estimativa anterior indicar uma liberação ainda nesta sexta-feira.
A operadora diz que a situação ainda pode se alterar, mas segundo o relatório entregue à FAB, após a descida das águas, será necessário avaliar as condições de operação e segurança, já que especialistas apontam para a possibilidade de danos pelas águas dos equipamentos de auxílio à navegação aérea. “A Fraport Brasil informa que as operações em Porto Alegre seguem suspensas por tempo indeterminado. Para cumprir a legislação aeroportuária foi emitido um NOTAM (Notice to Airman) com data final em 30/5, que se trata de um documento que tem a finalidade de divulgar alterações e restrições temporárias que possam ter impacto nas operações aéreas”, disse a concessionária em nota.
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As companhias Gol, Latam e Azul, ainda ontem, informaram o cancelamento de todos os voos com origem ou destino na capital gaúcha e, em comunicado aos clientes com bilhetes marcados, ofereceu a possibilidade de remarcação das viagens ou reembolso dos valores pagos. Evacuação Contribuiu com a expectativa de manter o aeroporto fechado até o final do mês, a ampliação, ontem, da área afetada pelas águas. Apesar do Rio Guaíba não ter subido, mantendo-se estável nas últimas 24 horas a marca de 5,3 metros, a interrupção no fornecimento de energia, em diversos pontos, causou o desligamento de bombas que fazem a drenagem das chuvas, o que ampliou a inundação pela cidade.
A interrupção no fornecimento de energia também pressiona a população para uma situação crítica, com o corte no fornecimento de água, já que algumas das estações de tratamento acabaram desligadas. Estimativas indicam que a falta d’água já atinge 60% das residências na capital gaúcha. O desabastecimento levou muitos porto-alegrenses a seguir o apelo do prefeito e deixar a cidade.
A única saída ainda transitável, a rodovia RS 040, registrou, ontem, ao longo do dia, congestionamentos recordes com parte da população seguindo em direção às regiões do litoral ou do interior que não foram afetadas pelas chuvas. Falha no sistema Com o nível do Guaíba estável, a piora da inundação na cidade é atribuída, além do desligamento de algumas bombas de drenagem, a falhas na manutenção do sistema de prevenção às cheias. Planejado para conter inundações de até 6 metros, o sistema deveria manter a cidade segura mesmo depois das últimas chuvas.
Questionado pelo Correio, o prefeito da capital gaúcha garantiu que o sistema de proteção ajudou a amenizar os efeitos da cheia e negou falhas na manutenção dos equipamentos. “O muro da Mauá (sistema de proteção contra as cheias) está resistindo bravamente, não teve nenhuma falha. Mas talvez seja necessário substituir essas comportas, construídas em 1960 com a engenharia daquela época, por uma nova tecnologia. Na minha gestão, nós reformamos todas as casas de bombas. Acontece que as 26 casas de bombas param de funcionar quando o nível do Guaíba passa da cota de inundação, de 3 metros, não tem para onde escoar”, disse o prefeito de Porto Alegre.
Melo ainda apontou que, segundo técnicos da prefeitura, a cidade precisaria investir em torno de R$ 4 bilhões na drenagem urbana, mas apontou que todo o orçamento municipal do último ano não chegou a R$ 11 bilhões. Ontem, durante a coletiva com a imprensa na qual o prefeito fez um balanço da situação na cidade, assessores informaram, ao vivo, que outras duas estações de drenagem teriam parado de funcionar. Importantes avenidas da capital gaúcha mais pareciam rios, com barcos e motos aquáticas cruzando a todo tempo, levando voluntários que faziam o resgate de moradores que ficaram ilhados em suas casas.
Com os principais acessos da cidade interrompidos, diversos supermercados da cidade também sofrem com o desabastecimento de produtos básicos, como água mineral, primeiro item a terminar na maioria dos estabelecimentos.
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