O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que mesmo com a diminuição das chuvas no estado, a situação ainda é de calamidade. Quanto a ordem de evacuação de pelo menos 6 bairros, incluindo o Centro de Porto Alegre, o governador apontou que o sistema de comportas e diques do Muro da Mauá, que evitam uma inundação completa, o pode se romper pela pressão no sistema e poderia causar uma onda de destruição na cidade.
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“Aqui em Porto Alegre tem o sistema de proteção, mas o sistema de proteção está sendo estressado, postos à prova por conta de um volume muito grande, e persistente de água. A gente trabalha com todas as ferramentas. Foi um veículo blindado do exército para poder ajudar a apoiar em um local que tinha um sinal de ruptura, sacos de areia, tudo feito para que as estruturas resistam, mas não há como garantir que não haja, em algum momento, algum tipo de ruptura. Uma eventual ruptura pode causar uma onda arrastando pessoas, ferindo, machucando e até colocando em risco a vida”, disse o governador em novo balanço divulgado na noite desta sexta-feira (3/5).
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A calamidade fez o governador apressar o balanço que fazia, no centro de Porto Alegre, na coletiva chamada para o prédio do Comando Militar do Sul. A entrevista precisou ser abreviada, segundo a informação de assessores, depois da sala de geradores do prédio ser alagada pelas águas.
O sistema com comportas a que Leite se referiu é composto por um muro de três metros que separa o centro da capital gaúcha do Lago Guaíba e foi projetado para enfrentar a subida das águas até um nível de 6 metros. Foi criado depois da cheia histórica de 1941, quando o Guaíba registrou 4,73 metros. A medição na noite desta sexta-feira, já apontava para mais de 4,5 metros, e a perspectiva é que a água continue subindo. A projeção da Defesa Civil estadual é que o nível deve ultrapassar os 5,5 metros, muito próximo do limite de 6 metros do muro.
O sistema do governo estadual que mede automaticamente — de forma on-line — a altura das águas parou de funcionar, o que tem obrigado a Defesa Civil estadual a ir presencialmente medir com uma régua a altura das águas. Sem a informação em tempo real, a medição realizada pela empresa TideSat, que continua operacional, e faz medidas a cada meia hora e tem servido como referência para analisar e a tendência de cheia do Lago Guaíba.
O diretor da empresa, Vitor Hugo Almeida Junior, explicou ao Correio que o a medição realizada é confiável. “O sensor tem um grande diferencial de fazer a medição de nível pela distância da água, por isso ele não está submerso”.
Leite também destacou que apesar de 18 helicópteros envolvidos nos trabalhos de resgate, o estado ainda não conseguiu resgatar todas as pessoas que estão isoladas, já que as aeronaves não conseguiram sobrevoar todas as áreas atingidas em função das condições climáticas. Leite destacou que, até o momento, mais de 8 mil pessoas foram resgatadas com a utilização de aeronaves e embarcações.