Porto Alegre — Com o recuo das águas em Porto Alegre, as ruas atingidas pela enchente mostram agora os sinais da destruição deixada para trás. Com a lama já seca em algumas regiões, o cenário é de entulho com móveis, eletrodomésticos, brinquedos — tudo atingido pela cheia e jogado no meio da rua. O cenário que lembra um filme de fim do mundo vem acompanhado de um cheiro insuportável que toma conta de bairros inteiros.
Para coletar todo esse lixo a prefeitura está contando até com a ajuda do Exército, que disponibilizou pessoal e caminhões para auxiliar na liberação das vias tomadas por entulhos, que agora dificultam até mesmo o tráfego.
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“Nós estamos vivendo um momento muito triste, mas também muito especial, temos recebido ajudas de muitas frentes, o Exército Brasileiro está dando uma ajuda muito grande e muito especial”, disse, ao Correio, o diretor geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Alberto Hundertmarker.
A camada de lama deixada pelas enchentes é retirada com máquinas retroescavadeiras em diversas ruas, mas no centro da cidade, com calçamento de ladrilhos e vias em paralelepípedos, a limpeza acontece de forma manual pelos empregados da prefeitura, que com enxadas, escovas e jatos de água começam a limpeza de prédios icônicos da cidade como a Casa de Cultura Mário Quintana.
“Em áreas tombadas, nós temos ladrilhos portugueses, ali nós estamos escovando toda a lama com escovas e vassouras, todo o DMLU tem um cuidado para fazer esse tipo de limpeza” disse Hundertmarker.
A conta da limpeza, segundo a prefeitura, já ultrapassa os R$ 24 milhões, mas deve chegar a mais de R$ 100 milhões, dizem os técnicos. Outro desafio vencido nesta semana foi encontrar o destino de todo lixo gerado pela enchente. Com um contrato emergencial com um aterro sanitário em Gravataí, cidade da região metropolitana, Porto Alegre poderá enviar até 180 mil toneladas de resíduos contaminados pelas águas.
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Outra situação que aos poucos começa a ser normalizada é a destinação do lixo doméstico, já que com as estradas interditadas pelas águas, a cidade ficou sem conseguir enviar os dejetos para o aterro localizado em outra cidade. Agora saem de Porto Alegre até 90 carretas com 30 toneladas de lixo cada uma para o aterro de Minas do Leão - cidade há 85 km da capital gaúcha -, diminuindo assim as 10 mil toneladas de lixo dos cinco dias em que a cidade ficou isolada.
Hundertmarker diz que não se pode dizer quando a limpeza da cidade chegará ao fim, já que, se as chuvas voltarem, o trabalho terá que ser interrompido. Ele ainda fez um apelo a população para que não guarde ou reutilizar nada que entrou em contato com as águas contaminadas da enchente pelo enorme risco sanitário dos resíduos.
Ele disse também que os 400 funcionários do departamento e os 3400 garis estão trabalhando em regime de força tarefa, com reforços nas vacinações e na utilização dos equipamentos de proteção individual em função do alto risco dos resíduos.
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