tragédia no sul

Prefeitos dão alerta para falta de comida em municípios do RS

E pedem aos governos federal e estadual a criação de um corredor para recebimento de gêneros, que estão escasseando

Gôndola para a venda de arroz em supermercado da região metropolitana de Porto Alegre. Algumas unidades dão sinais de falta de estoques para repor -  (crédito: Henrique Lessa/CB/D.A  Press)
Gôndola para a venda de arroz em supermercado da região metropolitana de Porto Alegre. Algumas unidades dão sinais de falta de estoques para repor - (crédito: Henrique Lessa/CB/D.A Press)

Porto Alegre — Os prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre, cujos municípios foram atingidos pelas enchentes, pediram aos governos federal e estadual, ontem, a criação de corredores humanitários de gêneros alimentícios básicos para o Rio Grande do Sul. Em reunião com os ministros Paulo Pimenta (Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), além do governador Eduardo Leite (PSDB), os prefeitos da capital gaúcha e de mais cinco municípios metropolitanos alertaram para o risco de desabastecimento de alimentos na região.

"O governo federal poderia trazer esse alimento, por aeronaves ou por corredores de caminhões, para fazê-lo chegar ao estado. Estradas como a BR-116, em São Leopoldo, estão muito complicadas — a água não está baixando. O nível do Rio Sinos está diminuindo em torno de 0,2cm por hora. É muito pouco, está muito lento", disse, ao Correio, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT).

Ele advertiu que já falta comida no comércio do município e teme que com a previsão de mais chuvas fortes para a próxima semana, aconteça um maior comprometimento da logística para o abastecimento. Supermercados de Porto Alegre e da região metropolitana já mostram prateleiras vazias, o que confirma a dificuldade de reposição dos estoques até mesmo em produtos básicos — como arroz, um dos principais itens exportados pelo Rio Grande do Sul.

"Temos tido problemas com o abastecimento de alimentos. Estamos com problemas para comprá-los. Nossos mercados estão com dificuldade de oferecer arroz, feijão e outros produtos básicos. Em todos os mercados, estamos com esse problema", afirmou Vanazzi.

Na reunião com Pimenta, Góes e Leite — que também contou com o secretário nacional da Defesa Civil, Wolney Wolf —, os prefeitos de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Guaíba, Eldorado e Nova Santa Rita apresentaram também uma lista de ações emergenciais, como a instalação de bombas de drenagem nos bairros alagados e a assistência do governo federal na elaboração das solicitações de recursos federais para a implementação de ações de emergência para a mitigação dos efeitos das enchentes.

"As decisões mais urgentes que dissemos que precisamos são de buscar bombas (de escoamento) para Canoas, Porto Alegre e São Leopoldo para poder drenar as águas. Também precisamos que ajudem os municípios a preencher os documentos para obtermos os recursos federais", explicou o prefeito de São Leopoldo.

Ajuda do governo estadual

O governo do Rio Grande do Sul começará a pagar, na próxima semana, um auxílio de R$ 2,5 mil para as cerca de 47 mil famílias afetadas pelas enchentes no estado. O dinheiro se somará ao benefício de R$ 5,1 mil anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a recuperação dos bens dos atingidos pelas cheias. Ontem, o governo federal anunciou o pagamento, ainda este mês, de uma parcela extra do Fundo de Participação dos Municípios às cidades gaúchas em estado de calamidade pública.

Os R$ 192 milhões devem ser liberados nos próximos dias. "(As cidades) receberão valor duplo do FPM. Isso vai ser por meio de uma medida provisória (MP) encaminhada pelo governo federal", explicou o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha — que esteve com Lula e outros ministros no Rio Grande do Sul. Segundo o titular da Fazenda, Fernando Haddad, o pagamento dessa parcela extra do FPM é um pedido dos próprios prefeitos.

 

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postado em 18/05/2024 03:55