A situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul escalona e diversos problemas derivados do grande volume de águas no estado continuam. A última atualização sobre as barragens do RS, divulgada pelo governo estadual na tarde desta terça-feira (14/5), informa que duas barragens encontram-se em situação de emergência.
A Usina Hidrelétrica de Bugres, localizada na Barragem Salto, em São Francisco de Paula, e a Barragem Santa Lúcia, em Putinga, estão em risco iminente de ruptura .
Frente ao perigo potencial, a prefeitura de São Francisco de Paula, município afetado pelos temporais e banhado pelo Rio Caí, que marcou uma cheia acima de 5m em relação a cota de inundação nos últimos dias, alertou à população, na noite desta segunda-feira (13/5), para que evacuem a região visto o risco de deslizamento nas moradias costeiras.
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Outras seis barragens se encontram em nível de alerta, quando as anomalias representam risco à segurança da barragem, são elas: UHE 14 de Julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves; UHE Dona Francisca, em Nova Palma; PCH Salto Forqueta, em São José do Herval/Putinga; Barragem Capané, em Cachoeira do Sul; Barragem São Miguel, em Bento Gonçalves; e Barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra.
Aquelas em nível de atenção, quando as anomalias não comprometem a segurança da barragem no curto prazo, mas exigem monitoramento, controle ou reparo no decurso do tempo, são elas: UHE Bugres - Barragem Divisa, em Canela; UHE Bugres - Barragem do Blang, em Canela; UHE Canastra, em Canela; PCH Furnas do Segredo, em Jaguari; Barragem Assentamento PE Jânio Guedes da Silveira, Barragem B2, em São Jerônimo; Barragem do Saibro, em Viamão; Barragem A - Assentamento PE Tupy, em Taquari; Barragem Filhos de Sepé, em Viamão; Barragem do Assentamento PE Belo Monte, em Eldorado do Sul; e Barragem Lomba do Sabão, em Porto Alegre.
Possibilidade de rompimento
Na avaliação do engenheiro Arthur da Fontoura Tschiedel, hidrólogo, consultor em Rompimento de Barragens e professor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, a situação é provável dado o atual momento. “Tivemos volumes de chuva extremamente expressivos no estado e nas bacias de contribuição para grande parte dessas barragens”, comenta.
“O que se nota historicamente é que, sempre que temos volumes altos de chuva, algumas barragens passam a operar no seu limite”, acrescenta Tschiedel. As barragens estarem em níveis de emergência, frente às circunstâncias, é esperado.
Em uma análise das barragens em maior risco, o professor Fernando Meirelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma que a Barragem do Salto, por ter pequena altura e volume, teria menor impacto caso houvesse um rompimento de estrutura. “A ruptura seria parcial e o dano deve ficar restrito às áreas próximas, que seriam fortemente impactadas pela onda inicial”, afirma.
Meirelles acredita que a Barragem de Santa Lúcia seguiria na mesma avaliação. “Forte impacto na população do entorno imediato, mas pequena contribuição para o evento de inundação na região metropolitana”, acrescenta.
“As duas localidades (Vila Electra em São Francisco e Putinga), no caso de rompimento, terão que reconstruir a infraestrutura urbana”, salienta. O professor reforça que se não houver ruptura, um sistema de alerta efetivo deve ser instalado, delimitada a área de auto salvamento e reavaliado o Plano de Ação Emergencial.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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