Chuvas no RS

Prefeito diz que limpeza de Porto Alegre custará mais de R$ 100 milhões

Anúncio foi feito durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (13/5)

Sebastião Melo anunciou uma parceria entre a administração municipal e uma consultoria — que atuará sem custos para o município nos primeiros 60 dias — para a recuperação da infraestrutura da cidade -  (crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)
Sebastião Melo anunciou uma parceria entre a administração municipal e uma consultoria — que atuará sem custos para o município nos primeiros 60 dias — para a recuperação da infraestrutura da cidade - (crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)

O Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), afirmou, durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (13/5), que o custo total para realizar a limpeza da cidade vai ultrapassar os R$100 milhões. Segundo o emedebista, o valor será para a limpeza de bairros atingidos pela enchente.

“Nós temos que limpar a cidade. Eu tenho tido muita cautela e não autorizo nenhum secretário a falar sobre isso. Mas eu posso afirmar que a limpeza da cidade vai custar mais de R$100 milhões. Só a limpeza desses bairros atingidos, 30% da cidade. Você vai ter que raspar o lodo, desentupir esses canos entupidos", ressaltou.

Sebastião Melo anunciou uma parceria entre a administração municipal e uma consultoria — que atuará sem custos para o município nos primeiros 60 dias — para a recuperação da infraestrutura da cidade. "Já tivemos reuniões. Estão chegando 20 pessoas que vão se instalar em Porto Alegre. Eles vão trabalhar para olhar também a recuperação da cidade. Sozinho nós não daremos conta", explicou.

A empresa de consultoria com a qual a prefeitura anunciou essa parceria é a Alvarez & Marsal — que atuou na identificação de oportunidades de melhorias e eficiência nos programas de assistência social junto ao governo do estado da Louisiana, nos Estados Unidos, após a passagem do furacão Katrina, em 2006. Além disso, a empresa já atuou no rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho.

Inundação de lixo

O Centro Histórico de Porto Alegre, inundado há mais de uma semana, foi tomado por lixo e sujeira junto à água que cobre a região e a praça da Alfândega. Segundo informações do Correio do Povo, repórteres que estiveram no local avistaram animais mortos, lixo boiando e árvores caídas.

Em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, o serviço de coleta seletiva municipal — que normalmente é realizado por oito cooperativas — vem acontecendo de forma parcial e atendendo os bairros Olaria, Estância Velha, Igara, Guajuviras, São José, Brigadeira, Nossa Senhora das Graças e Marechal Rondon, de segunda a sábado.

O serviço vem sendo realizado somente pelas cooperativas Renascer e Coarlas, localizadas no bairro Guajuviras. Das oito, essas são as únicas cooperativas que não tiveram suas estruturas físicas e de transporte totalmente afetadas pelas águas, enquanto as outras seis estão localizadas nas áreas atingidas.

“O que pode ser afetado é que alguns pontos tinham a coleta duas vezes por semana. Essa segunda data de coleta é realizada pela cooperativa Mato Grande Canoense, que também foi gravemente afetada pela enchente. No mais estamos conseguindo manter o cronograma para a região Nordeste”, afirma o secretário de Meio Ambiente da prefeitura de Canoas, Bernardo Caron.

No último dia 7, a prefeitura de Canoas comunicou a retomada parcial do sistema de recolhimento de lixo orgânico. À época, o comunicado dizia que os trabalhos haviam começado pela região nordeste do município e deveriam avançar gradativamente, o que se explicaria pelo alto número de servidores que haviam sido atingidos pelos alagamentos e ainda não teriam tido condições de retornar ao trabalho.

Guaíba pode continuar subindo

O prefeito confirmou, ainda, a previsão de que o nível do Guaíba chegue aos 5,5 metros, e pediu que os moradores não retornem às suas casas. Segundo ele, os alagamentos podem vir a atingir mais seis mil pessoas. "O apelo que eu quero fazer é que ninguém volte para casa. Tomara que não chegue a 5,5 metros, mas eu tenho que acreditar na ciência, na meteorologia. Então, não dá para voltar”, lamentou.

Ainda durante a coletiva, o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre, Mauricio Loss, afirmou que a prefeitura não acredita que uma eventual elevação do nível do Guaíba aos 5,5 metros resulte em muitos danos adicionais. "Nos pontos onde a água ainda não tinha chegado, vai ter uma lâmina, ficando um pouco mais acima, mas não teremos grandes tragédias frente ao que já temos", afirmou.

Segundo Loss, o prazo para a diminuição do nível da água em POA é imprevisível. Ele explicou que, por se tratar de um cenário dinâmico, há várias possibilidades de previsões que podem ou não se concretizar. Porém, garantiu que algumas áreas da cidade irão se ver livres da água antes de outras.

“Nós não temos como prever se serão 15 dias ou um mês justamente por isso: estamos sujeitos a diversas intempéries, que mudam a todo momento. (...) Se as 23 casas de bombas estiverem funcionando, o cenário é um. Para bombear, a água também tem que ter baixado no rio. Então, o que vai acontecer na vida prática é que vão ter bairros que vão secar primeiro e outros vão demorar um pouco mais. Não vai ser uma coisa igual para toda a cidade”, explicou.

Prefeitura lança plataforma interativa sobre a enchente

No início da coletiva, a prefeitura anunciou uma nova plataforma para o monitoramento em tempo real da cheia do Guaíba. Desenvolvida de forma conjunta entre secretarias do estado e demais órgãos públicos, a plataforma “Impactos das cheias de maio de 2024 em Porto Alegre (RS)” traz mapas interativos e dados atualizados em tempo real, podendo ser acessada aqui.

Junto aos mapas, que trazem informações do relevo da capital gaúcha, a plataforma apresenta um painel em que é possível combinar informações, como a população de cada bairro afetado, e projetar o avanço das águas, por exemplo.

“Essa tecnologia é essencial para o período de reconstrução da cidade, assim que a água baixar, ao analisarmos o percurso e projetarmos as medidas de resposta”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) da prefeitura, Germano Bremm.

Além do mapa sobre o Alcance da água, que cruza dados via satélite com medições topográficas oficiais, a plataforma ainda traz informações sobre os prédios públicos atingidos pela cheia do Guaíba, assim como os impactos econômicos e estruturais causados na cidade.

"O objetivo é mensurar danos humanos e ambientais, além de prejuízos econômicos, tanto públicos quanto privados", adicionou a coordenadora de planejamento urbano da Smamus, Vaneska Paiva Henrique.

*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori

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postado em 13/05/2024 20:34
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