Tragédia no Sul

Desastre atinge 15% da população do Rio Grande do Sul

Dos 10,8 milhões de habitantes do estado, 1,4 milhão sofre com os efeitos das chuvas. A tragédia também prejudicou a maioria das cidades gaúchas: dos 497 municípios, 401 foram atingidos. Ao todo, 160 mil pessoas estão desalojadas e 48 mil foram levadas para abrigos.

Bombeiros, policiais e voluntários trabalham nas ruas alagadas de Porto Alegre para atender as vítimas da maior enchente da história   -  (crédito: Jorge Lansarin/Estadão Conteúdo)
Bombeiros, policiais e voluntários trabalham nas ruas alagadas de Porto Alegre para atender as vítimas da maior enchente da história - (crédito: Jorge Lansarin/Estadão Conteúdo)

Cerca de 15% da população gaúcha foi afetada pela enchente que assola o estado. Dos 10,8 milhões de habitantes, 1,4 milhão sofre com os efeitos das chuvas. A tragédia também prejudicou a maioria das cidades gaúchas: dos 497 municípios do estado, 401 foram atingidos. Ao todo, 160 mil pessoas estão desalojadas e 48 mil foram levadas para abrigos.

"Nós levantamos o que deu, pegamos uma geladeira que estava boiando e começamos a colocar roupas, tudo o que dava para passar para a casa da minha cunhada, ao lado, que é um pouco mais alta. Quando a água chegou na cintura, pegamos nossos dois cachorros e nossa gata — a outra gata fugiu e a gente ainda não conseguiu achar — e saímos", conta Taciane Lopes, 30 anos, moradora do bairro de São Luís, em Canoas, município vizinho à capital. Ao Correio, a médica veterinária narrou os momentos de tensão que viveu desde a última quinta-feira. 

"Nós saímos de casa com a roupa do corpo, os animais, uma mochila de roupa para as crianças e nosso material de trabalho. Fora isso, foi tudo perdido."

De acordo com Taciane, em cerca de meia hora — período entre o telefonema do marido avisando que a enchente estava entrando no pátio de casa e a chegada dela — a água subiu até a altura da canela. "Todas as casas, a escola, a creche, tudo inundado", relembra.

Assim como Taciane, muitas pessoas foram surpreendidas pela rapidez com que a água tomou conta das ruas da capital gaúcha. Com isso, milhares de moradores precisaram ser resgatados - mais de 8 mil, segundo a Defesa Civil do estado. Até o fechamento desta edição, 131 pessoas estavam desaparecidas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, para realizar as operações de resgate e buscas por desaparecidos, o estado conta com 4,6 mil servidores das forças de segurança estaduais, 1,5 mil viaturas, 153 embarcações e 39 aeronaves. No total, 440 bombeiros militares de Santa Catarina, de São Paulo, do Paraná, da Bahia, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Goiás, de Mato Grosso do Sul, do Rio de Janeiro, de Mato Grosso, do Pará, do Distrito Federal, da Paraíba, de Rondônia, de Sergipe, do Amapá, de Pernambuco, do Tocantins, do Piauí, do Maranhão, do Ceará, de Alagoas, do Rio Grande do Norte, de Roraima, do Acre e do Amazonas estão envolvidos diretamente no trabalho de resgate das vítimas atingidas pelas enchentes.

Segundo o Corpo de Bombeiros catarinense, 2.073 pessoas foram resgatadas pela operação, em conjunto com forças de outros estados. Também foram salvos 285 animais.

(Com a colaboração de Pedro José, Henrique Fregonasse e Marina Dantas, estagiários sob a supervisão de Vinicius Doria)

 

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postado em 08/05/2024 03:45
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