Balanço da atuação das forças de segurança que vêm atuando na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, aponta que 180 pistas de pouso clandestinas foram identificadas e estão em processo de inutilização — que geraram a apreensão de quatro aeronaves que serviam ao garimpo ilegal. Além disso, soldados e policiais puseram abaixo 49 acampamentos utilizados pelos exploradores. Os dados foram divulgados na quinta-feira, quando as autoridades envolvidas na retirada dos invasores se reuniram para avaliar o andamento das operações.
Nos últimos 36 dias, o cerco aos garimpeiros ilegais envolveu uma equipe de 343 pessoas — a maioria militares. "Os resultados alcançados, em 2024, mostram um trabalho articulado, planejado e coordenado. Seguimos com o compromisso de cuidar das comunidades indígenas, preservar o meio ambiente, a Amazônia e a terra ianomâmi", assegurou Nilton Tubino, coordenador das ações e diretor da Casa de Governo — que reúne, em Boa Vista, os agentes que vêm atuando em defesa da comunidade indígena.
Nesse período, 200 motores, 12 balsas — três foram apreendidas — e 36 geradores de energia foram destruídos. Além disso, as forças de segurança inutilizaram 38.400 litros de óleo diesel e 6.600 de gasolina de aviação.
Ainda segundo o balanço, o piloto de um helicóptero destruído pelo Exército foi preso. A força-tarefa também apreendeu 7.300kg de cassiterita e 24 antenas de internet da empresa Starlink — do empresário Elon Musk, que tem feito reiterados ataques ao Poder Judiciário brasileiro —, utilizadas pelos garimpeiros para se comunicarem.
Medidas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva implementou, em fevereiro de 2023, uma série de medidas para tentar conter a crise entre os ianomâmis — vítimas do garimpo ilegal que avançou na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. À época, as imagens do estado de abandono de várias comunidades da reserva, muitas delas doentes e famintas, fizeram com que uma comitiva do governo federal desembarcasse na região para ver de perto a situação.
Mas, um ano depois, as forças de segurança não conseguiram expulsar os invasores do território. São algumas as razões para isso: uma grande extensão de terra para ser vigiada por poucas equipes; as quadrilhas de garimpeiros ilegais têm recursos para remontar os acampamentos destruídos e as balsas inutilizadas; e não falta mão de obra disposta a trabalhar na exploração irregular.
Lideranças ianomâmis, porém, afirmam que se a segurança avançou, a saúde continua precária. O número de mortes nas comunidades subiu 5,8% em 2023, em comparação com 2022 — foram 363 óbitos.
"Vamos tratar a questão indígena e a questão dos ianomâmis como uma questão de Estado. Ou seja: vamos ter que fazer um esforço ainda maior, utilizar todo o poder que a máquina pública pode ter, porque não é possível que a gente possa perder uma guerra para o garimpo ilegal", assegurou Lula em janeiro. O governo federal tem planos de investir R$ 1,2 bilhão este ano na luta contra o garimpo ilegal.