A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na noite de quinta-feira, em São Paulo, Jesser Marques Fidelix e Márcio André Geber Boaventura Júnior, suspeitos de negociar as armas furtadas do Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, no ano passado. Os dois foram detidos em um condomínio de luxo, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. O material foi vendido ao Comando Vermelho (CV).
Um dos fatores que levou os investigadores até os dois é que ostentavam alto padrão de vida na redes sociais, apesar de serem beneficiários do Bolsa Família. Jesser e Márcio postavam vídeos em casas elegantes e a bordo de carros potentes — em um deles, gravado na Rodovia Castello Branco, que liga a capital paulista ao interior do estado, Márcio leva um esportivo a 200 km/hora. "Fazendo aquele teste de leve pela Castello Branco", escreveu em seu perfil no Instagram.
Ontem, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos dois. Apreenderam uma pistola, dois carregadores, um rastreador, quatro carros, um caminhão, 12 telefones celulares e aproximadamente R$ 500 mil, em endereços no Rio e em São Paulo.
Além da dupla, os investigadores chegaram a Ticiane Souza Costa, companheira e sócia de Jessé. Entre março de 2021 e outubro de 2023, ela movimentou cerca de R$ 9 milhões — recebeu diversos depósitos, em espécie e fracionados, para não chamar a atenção dos dispositivos bancários de movimentação irregular de dinheiro. De acordo com a investigação, tudo era repassado a Jesser e a Márcio.
Das 21 armas furtadas — 13 metralhadoras calibre .50 e oito fuzis 7,62mm —, 19 foram recuperadas. Uma parte delas foi negociada com integrantes do CV que atuam nas regiões da Gardênia Azul e da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Devolução
Por causa da repercussão do caso, o armamento foi devolvido pelos traficantes — seria usado na guerra contra os milicianos que ocupam parte de Jacarepaguá. Em São Paulo, outra parte das armas foi localizada junto a um riacho no município de São Roque.
O furto das metralhadoras ocorreu entre 5 e 8 de setembro de 2023, mas somente em 10 de outubro é que deram pela falta, em uma inspeção no Arsenal de Guerra. Segundo o Exército, o material era considerado "inservível" e fora recolhido para manutenção. Na investigação, o Comando Militar do Sudeste manteve cerca de 500 militares aquartelados em Barueri.
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