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Escola de turno integral no Espírito Santo se torna referência

Estado recebe missão internacional para apresentar os resultados da expansão das escolas de turno estendido — são 383 unidades públicas de ensino médio e, dessas, 1284 adotam a jornada de sete horas

Um dos fundadores da Comunidade Araucária — movimento de apoio a políticas públicas de valorização do ensino, que reúne ministros e secretários de Educação de sete países da América Latina —, o Espírito Santo recebe, a partir de hoje, uma missão internacional para apresentar os resultados da expansão das escolas de tempo integral. Considerado referência no país, o estado atingiu a meta de oferecer uma unidade de ensino médio em tempo integral em cada um dos 78 municípios capixabas.

Com 383 escolas públicas de ensino médio no estado, o turno estendido de sete horas funciona em 184, com cerca de 56 mil alunos matriculados. O Espírito Santo também criou um programa de apoio aos municípios para implementar a jornada estendida em escolas do ensino fundamental 2 (do sexto ao nono ano). O objetivo é oferecer, ao menos, uma escola de turno estendido em cada cidade do estado, o que representaria metade das unidades públicas do ensino fundamental 2 — de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos das redes municipais.

Há três anos, eram apenas três escolas e, neste ano, o programa atingiu 67 municípios. O suporte do governo estadual assegura repasse de recursos e suporte técnico e pedagógico para as equipes das secretarias de Educação das cidades atendidas.

"Pelo menos nas sedes dos municípios haverá uma escola de tempo integral. Entendemos que, na ausência de uma política nacional estruturada para o fundamental 2, implementar o modelo de tempo integral seria também uma medida importante para fazer uma passagem mais suave para o ensino médio", explicou ao Correio o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo.

Sete horas

A tendência, segundo o secretário, é chegar a 100% das escolas de nível médio e do fundamental 2 com o turno único de sete horas, que é o modelo adotado pelo governo capixaba. Até lá — e não há prazo para isso —, os dois modelos de tempo integral e de dois turnos (matutino e vespertino) conviverão paralelamente. Uma das propostas para essa transição é iniciar as aulas às 9h, com jornada até as 16h.

"Minha filha, para estar na escola dela, acorda às 5h20. É muito cedo. Ainda não dá para fazer isso, pois precisamos do contraturno (turno vespertino), iniciar o tempo integral às 7h com os alunos saindo às 14h para que possamos atender outra turma em turno convencional à tarde. A outra solução seria ter mais escolas, mas fica muito mais caro, e a demografia mostra que não é o melhor caminho", explicou Angelo.

Como a experiência capixaba é recente e foi severamente impactada pela pandemia de covid-19 — que alterou os dados de qualidade e de desempenho que se tinha —, ainda há poucas informações disponíveis para acompanhar o desempenho dos alunos que passaram para o novo horário ao longo dos últimos cinco anos. O secretário informou, porém, que os indicadores educacionais de tempo integral têm melhorado nas escolas que adotaram a jornada de sete horas no período matutino sem integração com o ensino técnico, como é o modelo adotado no Espírito Santo.

Sobre o encontro da Comunidade Araucária, em Vitória, o secretário diz que "se pessoas tão importantes vêm de tão longe ao Espírito Santo, é porque identificam que, aqui, existe algo que merece ser conhecido e compartilhado".

As estratégias de incentivo que possibilitaram essa expansão acelerada da implantação do ensino em tempo integral serão apresentadas a ministros e secretários da Educação de Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Peru, Equador, México e Panamá, e secretários brasileiros que integram a Comunidade Araucária — Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Piauí, Pará, Rondônia, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

 

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