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Freixo: Caso Marielle é a chance de desvendar a relação crime-política

Presidente da Embratur afirma que o momento é ótimo para passar o Rio de Janeiro a limpo. "Eles matam políticos, matam juízes e vão continuar matando se não se enfrentar a milícia", alerta

A prisão preventiva de três acusados de mandarem matar Marielle Franco é uma excelente chance de "virar uma página" e desfazer a atual relação entre o crime organizado, as forças de segurança e a política no Rio de Janeiro. É no que acredita Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), que tinha uma relação pessoal com a vereadora — que foi sua assessora antes de assumir um cargo eletivo.

Em entrevista aos jornalistas Samanta Sallum e Ronayre Nunes, no CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — de ontem, Freixo reconheceu a importância da participação da Polícia Federal (PF), que ao entrar no caso apresentou resultados que não tinham sido mostrados em seis anos.

"É hora de virarmos uma página importante no Rio de Janeiro. Diante desse caso da Marielle, nada vai trazê-la de volta — que é o que a gente queria —, mas temos a chance de virar uma página para fazer com que crime, polícia e política possam não representar a mesma coisa, como aconteceu ao longo do tempo" explicou.

Freixo atribuiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mérito de dar a autonomia à PF para que investigasse o assassinato. Segundo o presidente da Embratur, o progresso da investigação, no último ano, frustrou a certeza de impunidade que os envolvidos no crime tinham após seis anos de obstrução de provas.

"A Polícia Federal assume o caso e, em um ano, consegue duas delações, produção de provas e um relatório que chega a gente muito poderosa. Um membro do Tribunal de Contas do estado (Domingos Brazão), um deputado federal (Chiquinho Brazão) — que à época era vereador junto com a Marielle — e ao então chefe da Polícia Civil do Rio (Rivaldo Barbosa). Gente poderosa que, ao que tudo indica, esteve protegida nas investigações anteriores", constatou.

O presidente da Embratur — que teve um irmão assassinado por milicianos, em 2006 — defendeu a necessidade de se combater as milícias por meio da política, apesar de reconhecer a contaminação que existe no Rio. "É na política que se muda as coisas. Não se pode achar que você governa com o crime. Quem governa com o crime, é governado pelo crime. Foi assim no mundo inteiro ao longo da história. A gente precisa separar. A milícia nasce do poder e é quando a política se utiliza da polícia para dominar território, para ganhar dinheiro e construir, nesse território, um domínio eleitoral. A milícia tem uma natureza de máfia, que já existiu na Itália, na Colômbia e em tantos lugares — e é uma ameaça à democracia. Eles matam políticos, matam juízes e vão continuar matando se não se enfrentar a milícia politicamente e judicialmente", alertou.

Lessa fica no MS

A Justiça Federal do Mato Grosso do Sul voltou atrás, ontem, e decidiu manter o ex-policia militar Ronnie Lessa no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande. O assassino de Marielle e Anderson Gomes — motorista da vereadora — seria transferido de volta ao Rio de Janeiro.

O juiz federal da 5ª vara, Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, decidiu pela permanência de Lessa no Mato Grosso do Sul por, pelo menos, mais um ano. De acordo com o magistrado, Lessa está sob regime disciplinar rigoroso, em cela isolada na penitenciária.

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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