A Polícia Civil de São Paulo pediu, pela terceira vez, a prisão de Fernando Sastre Filho, de 24 anos, que causou o acidente que custou a vida do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana — que estava no Renault Sandero atingido pelo Porsche do empresário, no Tatuapé, bairro da Zona Leste de São Paulo. A tragédia aconteceu na madrugada de 31 de março. Anteriormente, outros dois pedidos de prisão (um temporário e outro preventivo) foram negados pela Justiça. A mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi indiciada.
O dono do Porsche estava sendo investigado pelos crimes de homicídio, lesão corporal — por conta dos ferimentos causados em Marcos Vinicius Machado Rocha, que estava com ele no carro — e fuga do local do crime — não prestou socorro e não fez bafômetro. Com a conclusão do inquérito, cabe ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) decidir se denunciará Fernando pelos três crimes, além de concordar ou não com o novo pedido de prisão.
Imagens
Imagens das câmeras corporais dos policiais que atenderam à ocorrência mostram que Fernando foi liberado sem problemas. O empresário nem sequer fez o teste do bafômetro e estava acompanhado da mãe, que apressava a agente a registrar a ocorrência sob a alegação de que levaria o filho para ser atendido em um hospital — o que não foi feito.
As imagens mostram, inicialmente, Fernando e Daniele deixando a cena do desastre — quando foram chamados pelos policiais, que ouviam testemunhas, e tiveram de voltar. Enquanto a agente interrogava o empresário, uma testemunha intervém e diz que viu o Porsche passar em alta velocidade, pouco antes de atingir o Sandero de Ornaldo. "Esse cara passou 'voado'", diz, apontando para Fernando. O procedimento dos agentes não se altera.
O empresário responde às perguntas da policial. A mãe intervém em alguns momentos: diz que todos os dados de Fernando tinham sido fornecidos e insiste para que fique registrado como telefone de contato o número dela. O outro agente da dupla somente acompanha o interrogatório.
A certa altura, a policial quer saber de Fernando o que aconteceu. "A gente estava saindo da festa. A gente ia para minha casa jogar sinuca. Aí, do nada, aconteceu um acidente horrível e... Aconteceu isso. Não lembro mais de nada", relatou.
Nisso, Daniele pede à policial "pelo amor de Deus" que os liberasse para que Fernando fosse a um hospital. "Se ele tiver batido a cabeça, cada minuto conta", insiste Daniele, demonstrando impaciência.
Em momento algum os agentes pedem para que Fernando faça o teste do bafômetro. Ao fim, a policial diz ao motorista do Porsche: "Lê se foi isso que você me disse para, depois, assinar" — e mostra o aparelho em que registrara a ocorrência. A mãe se aproxima e também lê o registro. "É isso", conclui o empresário, que assina o documento.
A partir daí, Fernando está liberado. A policial pergunta a Daniele para onde ela levaria o filho e ouve que iria para o hospital — o que não foi feito.
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