Uma mulher, identificada como Érika de Souza Vieira Nunes, levou um idoso morto em uma cadeira de rodas para uma agência bancária, na tentativa de sacar um empréstimo de R$ 17 mil. Ela foi presa e autuada por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver. O caso ocorreu em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na terça-feira (16/4).
De acordo com o delegado que cuida do caso, Fábio Souza, a mulher seria sobrinha do idoso. No vídeo que circulou e viralizou nas redes sociais é possível ver que Érika ficou a todo momento tentando manter a cabeça do homem reta, enquanto falava com ele.
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A atitude da mulher chamou a atenção de funcionários da agência bancária, que decidiram filmar a ação enquanto aguardavam a chegada da polícia. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi chamado e constatou que Paulo Roberto Braga, de 68 anos, estava morto há algumas horas.
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O que diz a mulher?
Em depoimento à polícia, Érika afirmou que o homem de 68 anos estava vivo ao chegar no local. Segundo ela, os dois foram ao banco para retirar um empréstimo de R$ 17 mil, solicitado por ele em março. A vontade dele, segundo a mulher, era comprar uma TV e fazer uma obra com o valor.
No relato contado por Érika, obtido pelo jornal O Globo, ela diz que o idoso esteve cinco dias internado por causa de uma pneumonia e teve alta na segunda-feira (15/4). Ao sair do hospital, Érika passou a cuidar dele. Nesse momento, ele contou que fez o empréstimo e disse querer sacá-lo. Ela decidiu ir ao local para realizar o desejo do homem, que ela afirma ser tio dela — a polícia ainda não confirmou a relação dos dois.
O que diz a polícia?
A Polícia Civil afirmou que os sinais encontrados no corpo do idoso Paulo Roberto Braga contradizem com a versão da defesa da sobrinha Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, de que o idoso morreu na agência bancária.
Livores cadavéricos indicam que Paulo não teria morrido sentado. Livores são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação que, no caso dele, se acumularam na nuca, indicando que ele deve ter ido a óbito deitado.
Qual o grau de parentesco dois dois?
A investigação tenta identificar o exato grau de parentesco entre a mulher e o idoso. “Ela se diz sobrinha dele. De fato, tem um grau de parentesco, segundo nossas pesquisas. E ela se diz cuidadora dele. Queremos identificar demais familiares”, disse ao g1.
Como anda a investigação?
A Polícia Civil disse que a investigação está em andamento na 34ª DP (Bangu). O corpo do idoso será examinado no Instituto Médico Legal (IML), a fim de apurar as circunstâncias da morte. "Agentes realizam diligências para esclarecer os fatos", disse a corporação.
Além disso, a polícia investiga o possível envolvimento de outras pessoas na tentativa de golpe. Os policiais analisam as câmeras de segurança da agência bancária.
Quais são as possíveis consequências criminais e jurídicas?
Ao Correio, o advogado Antônio Neto afirmou que, inicialmente, a investigação precisa esclarecer as circunstâncias em que ocorreu a morte do idoso, ou seja, se ele morreu antes de chegar na agência ou enquanto estava no local. O especialista também avalia ser fundamental identificar se Érika contribuiu para a morte de Paulo, seja praticando alguma conduta ou se omitindo de dever de cuidado.
"Além disso, mesmo que o idoso tenha chegado na agência vivo, deve ser apurado a intenção dessa sobrinha de obter-se de um empréstimo mediante fraude, uma vez que o idoso, ainda que tivesse vivo, não tinha capacidade, naquele estado de saúde, de discernir em relação ao empréstimo", destaca o advogado.
O advogado também cita o artigo 102 do Estatuto do Idoso, que prevê reclusão de 1 a 4 anos e multa. "Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade", diz o dispositivo.
Repercussão internacional
O caso da mulher que levou um idoso morto a uma agência bancária do Rio de Janeiro para tentar obter um empréstimo de R$ 17 mil teve repercussão internacional. O jornal britânico Daily Star citou o filme Um Morto Muito Louco, de 1989, ao noticiar o caso. Na obra, dois amigos passam um fim de semana com um cadáver fingindo que ele ainda está vivo.
O caso também foi noticiado pelos jornais britânicos The Sun, Mail Online, Daily Mirror, e o argentino La Nación.
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