Em esforço para identificar corpos encontrados em barco à deriva em Bragança (PA), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Científica do Pará adotaram o protocolo de identificação de vítimas de desastres (DVI) da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Diretrizes são usados em casos de catástrofes de grandes dimensões, como terremotos e atentados terroristas. Trabalho de identificação foi divulgado em nota na manhã desta terça-feira (16/4).
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De acordo com a Interpol, podem haver desastres abertos, quando não se sabe o número de vítimas, ou fechados, quando é possível determinar o número de vítimas rapidamente, além de uma combinação entre os dois.
Ainda segundo a Organização Internacional, países membros podem solicitar o envio de uma equipe de gestão de crise para auxiliar nas buscas. Procurada, a PF não informou se vai acionar a equipe internacional e afirmou que informações, até o momento, estão restritas à nota divulgada nesta manhã.
Como funciona a identificação
O DVI é dividido em quatro fases e não tem uma duração predeterminada, já que o tempo de investigação está ligado a fatores externos ao protocolo.
A primeira fase consiste no Exame do Local. É nessa etapa que são resgatadas as vítimas e recolhidos os pertences encontrados. No caso de Bragança (PA) foi feito ainda o reboque do barco para perícia.
A próxima fase consiste no exame de Dados Post Mortem (Dados PM), com análise dos corpos encontrados. Exames buscam identificar o máximo de dados biométricos possíveis, como impressões digitais, perfil de DNA e exames odontológicos. Peritos também analisam características físicas como tatuagens, cicatrizes e próteses.
Na análise Dados Ante Mortem (AM), a perícia busca contato com parentes mais próximos da pessoa desaparecida para obter mais informações. Podem ser coletados ainda impressões, informações médicas e dentárias e DNA.
O último passo para identificação é a comparação entre os dados PM e AM. De acordo com a Interpol, só é possível confirmar a identidade da vítima se houver correspondência 100% entre os dados das duas fases.
A identificação das vítimas do barco à deriva começou logo após a operação de resgate. Participaram da ação equipes da Marinha do Brasil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Científica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança, além da própria PF.
O que se sabe
No último sábado (13/4), uma embarcação foi encontrada à deriva por pescadores na região de Bragança (PA). Foram encontradas nove vítimas, oito dentro da embarcação e uma próxima ao barco.
A partir de documentos e objetos encontrados, a PF apontou que os tripulantes eram migrantes da região da Mauritânia e Mali, no noroeste da África. Não é possível ainda, no entanto, descartar a existência de pessoas de outros países no barco. Além da identidade, a investigação da Polícia pretende verificar a origem dos passageiros e a causa e tempo estimado das mortes.
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