são paulo

Em São Paulo, firmas de ônibus sofrem intervenção por conexão com PCC

Prefeitura passa a administrar a Transwolff e a UPBus, suspeitas de serem lavanderias dos negócios criminosos da facção. Dirigentes das duas empresas têm ligações com alguns líderes da quadrilha

Segundo o prefeito Ricardo Nunes, não haverá suspensão do serviço prestado pela frota da Transwolff -  (crédito: Divulgação/Facebook da Transwolff)
Segundo o prefeito Ricardo Nunes, não haverá suspensão do serviço prestado pela frota da Transwolff - (crédito: Divulgação/Facebook da Transwolff)

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, determinou intervenção nas empresas de ônibus Transwolff e UPBus por causa das suspeitas de que estariam sendo usadas para lavar dinheiro do tráfico de drogas. A decisão cumpre determinação da Justiça, que pediu a intervenção direta na Transwolff e, no caso da UPBus, deu a opção de intervir na companhia ou entregar as linhas a outra operadora do sistema. As companhias são suspeitas de receberem dinheiro das operações criminosas do Primeiro Comando da Capital.

A Operação Fim da Linha cumpriu 52 mandados de busca, sendo quatro de prisão em São Paulo. Mobilizou 340 policiais, promotores, auditores da Receita Federal e o Cade. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou 28 pessoas por envolvimento com lavagem de dinheiro.

As duas empresas passam a ser geridas por funcionários da SPTrans e por comitês formados por servidores da Controladoria-Geral do Município, da Procuradoria-Geral do Município e da Secretaria da Fazenda. Quem assume a Transwolff é o diretor de Planejamento de Transporte da SPTrans, Valdemar Gomes de Melo. O interventor da UPBus será o diretor de Operações da empresa municipal, Wagner Chagas Alves.

Segundo o prefeito, o serviço não será paralisado. "Não haverá nenhuma paralisação. Os fornecedores vão receber e os funcionários, também. Nada muda para os passageiros. O que muda é só a gestão das empresas", observou.

As duas empresas juntas transportam em média 16,68 milhões de passageiros por mês em São Paulo. São 15 milhões pela Transwolff e 1,68 milhão pela UPBus. No ano passado, a prefeitura repassou R$ 748 milhões em recursos do sistema de transporte para a Transwolff, que tem 1.111 ônibus na zona sul, e R$ 81,8 milhões para a UPBus, com seus 138 ônibus na Zona leste.

Afastamento

As 1ª e a 2ª Varas de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital determinaram o afastamento de 15 acionistas da UPBus e seis da direção da Transwolff e da cooperativa Cooperpam. Eles são suspeitos de manterem ligações com o PCC. Entre os atingidos pela medida estão os presidentes das duas empresas: Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora (Transwolff), e Ubiratan Antonio da Cunha (UPBus).

No caso da UPBus, ainda são alvo três parentes do traficante Anselmo Bachelli Santa Fausta, o Magrelo ou Cara Preta, assim como o ladrão de banco Alexandre Salles Brito, o Buiu, e o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mude, acusado de participar do esquema de lavagem de dinheiro da facção. Para a Justiça, os indícios obtidos pela investigação tornam o afastamento dos diretores da empresa indispensável para cessar a atividade criminosa.

A manutenção dos acusados na empresa prejudicaria a coleta de provas e o processo, além de ser necessário encerrar a mistura entre o dinheiro lícito recebido da prefeitura e o ilícito colocado na companhia pelo PCC. Há ainda casos de acionistas que foram proibidos de pisar na empresa, caso de Décio Gouveia, o Décio Português, que é tido pelo MP-SP como homem de confiança de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Décio foi solto em 2023 por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 10/04/2024 03:55
x