O assassinato de Marielle Franco foi planejado ao longo de seis meses. Segundo relatório da Polícia Federal (PF), que se tornou público neste domingo (24/3), a primeira reunião para discutir a execução da vereadora ocorreu em setembro de 2017, nas proximidades de um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
De acordo com a PF, Ronnie Lessa, um dos executores de Marielle, foi contatado pela primeira vez no “segundo semestre de 2017”, pelo sargento reformado da Polícia Militar do RJ Edmilson Macalé, que o apresentou a proposta e disse que, como recompensa, receberiam uma “grande extensão de terras”.
Lessa ficou “seduzido” pela proposta, que, pela extensão do terreno, tinha caráter milionário, e aceitou fazer parte do bando que orquestrou a morte de Marielle. “Ao vislumbrar uma boa oportunidade de negócio e se desgarrar da imagem de ser um mero sicário, Ronnie Lessa prontamente aceitou”, destacou o relatório da PF.
Em seguida, Lessa foi levado por Macalé, com intermediação de Robson Calixto Fonseca, para a primeira reunião do bando. Na ocasião, Domingos Brazão, um dos apontados como mandantes do crime, preso neste domingo (24/3), “passou a limpo todo o contexto da demanda” e apresentou os motivos pelos quais Marielle seria morta.
Na reunião, um dos irmãos Brazão afirmou que Marielle representava um “obstáculo” aos interesses da família. Assim, as principais motivações para matar a vereadora seriam “a suposta animosidade dos Brazão com integrantes do Psol, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados por Macalé, no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais”.
Após o primeiro encontro, Lessa passou a monitorar Marielle e o bando articulou para levantar os itens necessários para o crime, como a arma e o carro. Desde setembro de 2017, a única oportunidade viável que o grupo encontrou para executar o plano foi em 14 de março de 2018.