IGUALDADE DE GÊNERO

Militar brasileira concorre a prêmio de igualdade de gênero da ONU

A tenente-coronel Renata de Castro Monteiro Netto recebeu indicação ao prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero nas Nações Unidas 2023 por sua atuação no Sudão do Sul

Uma brasileira está entre as indicadas ao prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero das Nações Unidas 2023. A tenente-coronel Renata de Castro Monteiro Netto é a primeira militar do Exército Brasileiro a concorrer. A indicação é um reconhecimento por sua atuação no Sudão do Sul, onde exerce missão como observadora militar das Nações Unidas desde fevereiro do ano passado. Sua função é monitorar e reportar qualquer tipo de violação dos direitos humanos percebidas durante as patrulhas aéreas, ribeirinhas e motorizadas. O resultado da premiação deste ano deve ser divulgado no fim de maio, em Nova York, na sede das Nações Unidas.

"Desempenho a função desarmada, liderando as patrulhas, como símbolo de boa-fé e confiança. Levo o capacete azul como símbolo da presença da Organização (das Nações Unidas) em áreas de cessar-fogo", explica a tenente-coronel ao Correio.

A militar passou seis meses em Malakal, ao norte do Sudão do Sul, onde teve atuação fundamental para a proteção de civis. Entre maio e junho de 2023, ela ajudou a evacuar e a resgatar 70 crianças e 30 mulheres vulneráveis em meio a uma crise de violência e instabilidade no Campo de Proteção de Civis mantido pela ONU. A tenente-coronel coordenou o estabelecimento de uma área segura e negociou para que elas pudessem ser levadas em segurança.

"(Naquele momento), não me limitei a fazer apenas o previsto, busquei colaborar em todas as atividades que pudessem diminuir o sofrimento dos mais necessitados, e evitar que direitos humanos fossem violados, principalmente contra mulheres e crianças, que é a população mais vulnerável em momentos de conflitos", afirma a tenente-coronel. 

Durante as patrulhas, Renata conta que percebeu inúmeras situações de violência, entre elas, contra a mulher. "Sempre procurei dar voz às mulheres e mostrar a importância delas para o processo de paz (...) Eu procurei ser também a mão amiga e solidária, tão característica do nosso povo brasileiro."

Após seis meses em campo, Renata foi selecionada para trabalhar no Centro de Operações Conjuntas da Missão no Quartel-General em Juba, a capital do país, onde se encontra atualmente. Seu escritório é responsável pela coordenação de todos os movimentos de tropas, munição, patrulhas, comitivas, delegações e casos de evacuações aeromédicas.

Indicação

A indicação ao prêmio de Defensora Militar das Nações Unidas 2023 é resultado de muita preparação técnica, trabalho e dedicação, ressalta a tenente-coronel. "Sinto um orgulho imenso de bem representar a nossa bandeira do Brasil, com um histórico de sucesso em missões de paz, além disso, me sinto grata por todas as militares brasileiras que me antecederam nas missões e deixaram um legado lindo", acrescenta. 

 

Agência Verde Oliva/Material cedido ao Correio -
Agência Verde Oliva/Material cedido ao Correio -
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A premiação foi criada em 2016 e já teve duas brasileiras vencedoras, em 2018 e 2019, ambas militares da marinha do Brasil. As indicações são feitas pelo Representante Especial do Secretário-Geral da ONU e pelo Comandante da Força Militar. 

Concorrem todos os militares que tenham se destacado no ano anterior por atuações voltadas para a equidade e paridade de gênero. Cada Missão de Paz escolhe seu representante, e uma comissão avalia as atuações dos concorrentes para a decisão final.

Carreira

Renata Monteiro sempre teve o sonho de ser militar, inspirada pelo pai, que era oficial da Marinha Mercante. "Ele usava farda, e sempre olhei para ele com muita admiração", lembra.

Atenente-coronel é formada em odontologia e especializada em endodontia. Entrou para o Exército em janeiro de 1996, como oficial temporária, na turma pioneira de médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários. Em 2000, passou a ser oficial de carreira do Exército. 

Para Renata, a vida militar é mais do que uma profissão, mas também uma decisão de vida que exige resiliência, dedicação, estudo e comprometimento. Às meninas e jovens que querem fazer parte do Exército, ela aconselha: "Venha fazer parte desse grupo de mulheres guerreiras, que dedicam suas vidas para servir à Pátria". 

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