Os brasileiros estão se casando cada vez mais velhos. A constatação é da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2022, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso porque as idades dos cônjuges nos casamentos entre pessoas de sexos distintos, independentemente do estado civil anterior, aumentaram ao longo dos últimos anos.
Em 2000, 6,3% das mulheres que se casaram tinham 40 anos ou mais de idade. Em 2022, 24,1% dos registros de união entre pessoas de sexos diferentes ocorreram com mulheres nessa mesma faixa etária. Isso também foi observado entre os homens. Houve um aumento de aproximadamente 20 pontos percentuais na participação de registros de casamentos em que eles apresentavam idades mais avançadas (40 anos ou mais), se comparado com os anos 2000 (10,2%) e 2022 (30,4%).
De acordo com os pesquisadores do IBGE, a ampliação da idade ao se casar pode estar relacionada ao adiamento da decisão pelo casamento civil e ao aumento do número de recasamentos.
Comparando as últimas décadas, a participação de registros de casamentos em que pelo menos um dos cônjuges era divorciado ou viúvo variou de 12,8%, em 2002, para 1,4%, em 2012. Em 2022, alcançou 30,4% de todos os registros de casamentos civis entre pessoas de sexos diferentes.
Nesse mesmo ano, considerando pelo menos um dos cônjuges divorciado ou viúvo, as idades médias do homem e da mulher eram de 45,0 e 40,9 anos, respectivamente.
Segundo o sociólogo Vinicius do Carmo, há uma queda no interesse pelo registro de casamentos. “Essa tendência pode ser interpretada como um reflexo das dinâmicas da fase que passamos a viver e resultam em uma transformação na ecologia humana”, observou.
Desde 2015, total de registros de casamentos vem apresentando queda. Desde 2015, o total de registros de casamento tem apresentado tendência de queda. Entre 2019 e 2020, houve decréscimo ainda mais expressivo por causa da pandemia e das orientações sanitárias de distanciamento social para frear a disseminação do vírus. As precauções inviabilizaram as cerimônias, fazendo com que muitos casais adiassem a decisão de se juntar, de acordo com os pesquisadores do IBGE.
Entre 2020 e o ano seguinte, foi registrado um aumento no número de casamentos. Isso era um indício de que as cerimônias matrimoniais tinham voltado a ocorrer como efeito das campanhas de vacinação em massa contra o coronavírus e da flexibilização das medidas sanitárias. Mesmo assim, o número de registros de casamentos não superou a média dos cinco anos anteriores à pandemia (2015 a 2019). Em 2022 foram registrados 970.041 casamentos.
Mortes de crianças
A mesma pesquisa do IBGE mostra que o número de mortes de crianças e adolescentes com menos de 15 anos subiu 7,8% entre 2021 e 2022 — um aumento que destoa da tendência verificada na população em geral de redução da mortalidade no mesmo período. Foram registrados 40.195 na faixa de 0 a 14 anos, em 2022. São 2.908 mortes a mais (7,8%) do que as verificadas em 2021 (37.287).
Em termos absolutos e relativos, o maior aumento se deu entre as crianças de 1 a 4 anos: 6.012 óbitos em 2022, 1.304 a mais (27,7%) que em 2021 (4.708 óbitos). Os dados foram recolhidos junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Segundo as informações do SIM, os óbitos cujas causas foram doenças respiratórias — como gripe, pneumonia, bronquiolite, asma, entre outras — corresponderam a mais de 60% da diferença do total no número de óbitos nessa faixa etária, entre 2021 e 2022.
De acordo com a pesquisa, em 2022 foram registrados 1.524.731 óbitos no Brasil — 15% a menos do que o ocorrido no ano anterior, auge da pandemia. Em 2021, a pesquisa havia registrado 1.786.347 mortes, o maior número verificado desde o início da série histórica, em 1974, o que mostra o impacto da crise sanitária causada pela covid-19. (Com Agência Estado)
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