A Polícia Federal abriu investigação para apurar o contexto da nomeação de Rivaldo Barbosa como chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro às vésperas da morte da vereadora Marielle Franco, em março de 2018.
Barbosa assumiu a função de chefe máximo da corporação em 13 de março, um dia antes da morte da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes. A informação foi divulgada pelo G1 e confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, ao Correio.
Antes de ser nomeado como chefe da Polícia Civil, o delegado comandava o Departamento de Homicídios. À época, ele foi nomeado pelo então interventor federal no RJ, general Walter Braga Netto, mesmo com a resistência de algumas alas da Polícia Civil.
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Os investigadores apontam que Barbosa atrapalhou as investigações enquanto ocupava a função máxima da Polícia Civil. A reportagem apurou que, na delação de Ronnie Lessa, o ex-policial militar apontou que o delegado foi responsável por planejar a morte da vereadora.
Motivações
A motivação, segundo os investigadores, pode estar atrelada ao embate da ex-parlamentar com a milícia coordenada pelo clã Brazão.
Foram presos, todos no Rio de Janeiro, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. Os três suspeitos já passaram por audiência de custódia e serão levados a Brasília para, após isso, serem encaminhados a presídios federais.
O clã Brazão coordena Jacarepaguá, zona oeste carioca, região dominada por grupos paramilitares. Domingos Frazão já chegou a ser citado na CPI das Milícias, em 2008.
A PF trabalha com outras teses, mas a expansão territorial e questões fundiárias são as informações que mais ganham força. Os investigadores conseguiram chegar nos três nomes após a homologação da delação do ex-policial militar e assassino confesso da ex-vereadora, Ronnie Lessa, além de provas coletadas pelos investigadores antes de Ronnie topar falar.
Delação
A delação foi homologada na terça-feira (19/3), no Supremo Tribunal Federal (STF), por um juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes – relator do caso. O Correio apurou, junto a investigadores da Polícia Federal, que Lessa revelou que os irmãos Brazão o contrataram para executar o assassinato.
Em outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a coparticipação no assassinato – citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ e, posteriormente, ao STF.
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