INVESTIGAÇÃO

Marielle: delegado alvo da PF assumiu Polícia Civil um dia antes do assassinato

Rivaldo Barbosa assumiu a Polícia Civil do Rio um dia antes da morte da vereadora, em 14 de março

O delegado foi empossado como chefe da Polícia Civil em 13 de março e, antes, coordenava a Departamento de Homicídios -  (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)
O delegado foi empossado como chefe da Polícia Civil em 13 de março e, antes, coordenava a Departamento de Homicídios - (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O delegado Rivaldo Barbosa, um dos alvos da Polícia Federal na manhã deste domingo (24/3) por envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, assumiu a chefia da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCRJ) um dia antes da morte da Marielle.

A vereadora morreu em 14 de março de 2018. O delegado foi empossado como chefe da Polícia Civil em 13 de março e, antes, coordenava a Departamento de Homicídios. Na época, ele foi nomeado pelo então interventor federal no RJ, general Walter Braga Netto.

Além de Rivaldo, foram presos o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ). O aparelho celular dos três foram apreendidos.

A operação é coordenada pela PF, com apoio da Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público do Rio. Além dos três mandados de prisão, todos no Rio de Janeiro, investigadores estão cumprindo 12 mandados de busca e apreensão na capital carioca.

Delação

A operação deflagrada neste domingo ocorre após a delação do ex-policial militar e assassino confesso da ex-vereadora, Ronnie Lessa.

A delação foi homologada na terça-feira (19/3), no Supremo Tribunal Federal (STF), por um juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes – relator do caso. O Correio apurou, junto a investigadores da Polícia Federal, que Lessa revelou que os irmãos Brazão o contrataram para executar o assassinato.

Lessa citou a ligação de um deputado federal no assassinato da vereadora e de seu motorista. A menção de Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) foi veiculado inicialmente pelo R7 e confirmada pela reportagem. Isso foi o que motivou o caso ter deixado o Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo em vista que o parlamentar tem foro privilegiado.

Segundo os investigadores, Lessa apontou não só um mandante, como dois nomes que teriam o contratado para cometer o crime. O assassino de Marielle aos investigadores, com medo de represália, pediu segurança a integrantes da família.

Lessa está detido na Penitenciária Federal de Campo Grande. Os advogados que cuidavam da defesa dele abandonaram o caso na quarta-feira (20/3).

“Por ideologia jurídica, nosso escritório não atua para delatores. Não atuar para delatores é uma questão principiológica, pré-caso, e nada tem a ver com qualquer interesse na solução ou não de determinado crime”, dizem os advogados em nota encaminhada ao Correio.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, irmão de Chiquinho, também já teve o nome citado como mandante do assassinato da vereadora, segundo o site The Intercept Brasil.

Em outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a coparticipação no assassinato – citou Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao STJ e, posteriormente, ao STF.

O caso tramita em segredo de Justiça. Em janeiro, em entrevista a rádio CBN, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, informou que o caso envolvendo a morte da vereadora e do motorista terá desfecho ainda no primeiro semestre deste ano.

“Esse é um desafio que a PF assumiu no ano passado. Estamos há menos de um ano à frente dessa investigação, de um crime que aconteceu há cinco anos, mas com a convicção de que ainda nesse primeiro trimestre a Polícia Federal dará uma resposta final do Caso Marielle”, disse.

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postado em 24/03/2024 08:40 / atualizado em 24/03/2024 08:40
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