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Endometriose: especialista explica doença que afeta produtividade das mulheres

Estimativas apontam que 10% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva sofrem com a doença

A doença é genética e não tem cura  -  (crédito: Reprodução/Freepick @stefamerpik)
A doença é genética e não tem cura - (crédito: Reprodução/Freepick @stefamerpik)

Uma pesquisa da Academy of Managed Care Pharmacy, dos Estados Unidos, mostrou que uma mulher com endometriose perde, em média, seis horas de produtividade no trabalho por semana devido à doença. A pesquisa analisou dados de mais de 1.400 mulheres com endometriose em 10 países.

A endometriose é uma doença em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero. Esse tecido pode crescer em qualquer lugar do corpo, mas é mais comumente encontrado nos ovários, trompas de Falópio e ligamentos que sustentam o útero.

O ginecologista, especialista em endometriose, Luís Otávio Manes, explica que a doença é genética e progressiva. “A maioria das pacientes portadoras de endometriose começa a desenvolver a doença durante a puberdade. E os sintomas vão se intensificando de forma progressiva. Estima-se que 70% das pacientes com a doença sejam sintomáticas e tenham como principais sinais a cólica e dor lombar”, afirma.

Os principais sintomas são: dor pélvica, especialmente durante a menstruação, dor durante a relação sexual, infertilidade, dor ao evacuar ou urinar, fadiga e sangramento. De acordo com o médico, a endometriose traz um impacto direto na vida social e profissional das mulheres.

“É necessário um esforço conjunto da sociedade, empresas e governo para garantir que as mulheres com a doença tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados, além de um ambiente laboral inclusivo e livre de discriminação”, acrescentou o especialista.

Manes acrescenta que e o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da endometriose podem ajudar a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres. "Atualmente a endometriose é conhecida como a doença da mulher moderna. O diagnóstico ainda é tardio, levando em média 10 anos para ser realizado, o que faz com que as mulheres passem por situações que afetam diretamente a produtividade profissional", ressalta o médico.

"Pesquisas recentes mostram que cerca de 70% das mulheres que tem endometriose acaba tendo algum tipo de problema no trabalho e na maioria das vezes, desenvolvem sintomas depressivos como ansiedade, alteração do humor e fadiga crônica em decorrência da doença", informou.

A endometriose não tem cura, entretanto, existem muitos tratamentos disponíveis para ajudar a controlar os sintomas, como: analgésicos, pílulas anticoncepcionais e progestágenos.

Luis Otávio Manes sugere que as empresas podem oferecer apoio às mulheres com endometriose, como flexibilização da jornada de trabalho, possibilidade de trabalho remoto e licenças médicas para o tratamento. "É importante conscientizar a sociedade sobre a endometriose e seus impactos, para que as mulheres com a doença sejam compreendidas. Aqui no Brasil, ainda não tem política pública específica para isso, mas (na) Espanha, por exemplo, já tem uma licença para que as mulheres se ausentem do trabalho nesses períodos de cólicas intensas”, concluiu.

No Brasil, estima-se que 10% das mulheres em idade reprodutiva tem a doença. Entretanto, é uma doença pouco diagnosticada e pouco conhecida pela população em geral. A estimativa geral é que o tempo médio para um diagnóstico correto seja de 7 a 10 anos.

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postado em 18/03/2024 16:35 / atualizado em 18/03/2024 16:38
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