Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na madrugada do dia 14 de fevereiro. Os criminosos escaparam pelo buraco da luminária das celas, que são individuais. Eles teriam encontrado um alicate da reforma que ocorria no local e fugido a pé. A fuga dos dois só foi notada pelos agentes no período da manhã. Passados 30 dias da fuga, investigadores acreditam que os criminosos de Mossoró ainda estão na região.
Nesta quarta-feira (13/3), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pontuou que a dupla foi vista por último no dia 2 de março e que a presença dos fugitivos em uma casa da região foi confirmada por cães farejadores.
“Eles estão cercados. A convicção que temos até o momento é que eles continuam no perímetro. A investigativa já efetuou sete prisões de suspeitos de colaborarem com os fugitivos, e apreendeu dois veículos. Isso é fruto da cooperação entre as forças de segurança. Existe uma integração em distintos níveis: federal, estadual e até municipal e temos algumas outras ações previstas com autorizações judiciais, que estão sendo desenvolvidas", explicou o ministro.
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Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, cerca de 500 policiais estão envolvidos nas buscas pelos foragidos. Esses agentes são da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais, e atuam durante dia e noite. A Força Nacional também está envolvida. O trabalho de recaptura dos criminosos é considerado complexo por estar sendo feito em terreno formado por matas, zonas rurais e com grutas. Os agentes que participam das buscas utilizam drones, aeronaves e equipamentos que medem a temperatura corporal.
Dois dias depois da fuga, os criminosos fizeram uma família refém. Eles invadiram uma casa, onde ficaram por cerca de quatro horas, pediram comida, roubaram um celular e depois foram embora. No mesmo dia, os agentes encontraram roupas, embalagens de comida, lençóis e uma camisa do uniforme da unidade prisional em uma área de mata.
Quem são os fugitivos?
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento respondem a mais de 30 processos de homicídio, roubo, tráfico de drogas e organização criminosa. Eles foram transferidos para Mossoró após participarem de uma rebelião em um presídio em Rio Branco, no Acre, que resultou na morte de cinco detentos, três deles decapitados.
No início desta semana, a Polícia Federal divulgou simulações de como podem estar as possíveis aparências e disfarces dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. As projeções de crescimento de cabelo, barba e uso de disfarces foram elaboradas por papiloscopistas do setor de Representação Facial Humana do Instituto Nacional de Criminalística (INI) da PF, em Brasília.
Segundo a PF, a divulgação das imagens visa facilitar o trabalho de buscas e o apoio da população com informações sobre os fugitivos. A corporação já anunciou recompensa de até R$ 30 mil para quem repassar informações que levem à recaptura dos foragidos.
Medidas
A fuga dos dois criminosos foi a primeira da história do sistema prisional federal. Por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, várias medidas foram tomadas. Veja:
- Intervenção na penitenciária federal em Mossoró, com o afastamento do diretor da unidade, no próprio dia 14 de fevereiro (data da fuga), e dos servidores responsáveis pelas divisões de Inteligência, de Segurança e Administrativa;
- Criação do Comitê Multidisciplinar da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) com o objetivo de fiscalizar periodicamente as estruturas físicas e os equipamentos utilizados pelas cinco penitenciárias federais;
- Aumento do nível de segurança nas cinco unidades do Sistema Penitenciário Federal;
- Revistas diárias em todas as celas, pátios de sol e parlatórios nas cinco penitenciárias federais, com elaboração de relatórios semanais à direção de cada unidade;
- Determinação para substituição imediata das câmeras de videomonitoramento inoperantes e/ou com especificações não recomendadas das cinco unidades penais federais; implementação do sistema de circuito fechado de televisão; aquisição de câmeras de videomonitoramento e de câmeras térmicas; instalação de cercas elétricas em todo o perímetro; reforço da estrutura das luminárias no interior das celas, de forma que impossibilite ou dificulte a sua retirada pelos internos;
- Convocação de policiais penais federais excedentes do último concurso para a Senappen;
- Envio de equipes da Polícia Penal Federal para reforçar a segurança da penitenciária federal em Mossoró, bem como para contribuir nas buscas aos fugitivos; e emprego da Força Nacional, com o trabalho de 111 agentes e 22 viaturas na ação de buscas;
- Suspensão de movimentação ordinária de presos; e providências para inspeção in loco nas cinco penitenciárias federais, para “laudo técnico de inspeção predial” de todas as estruturas;
- A Senappen realizou, entre 1º e 3 de março, rodízio de 23 presos entre as penitenciárias federais, para garantir o enfraquecimento das lideranças do crime organizado. O rodízio visa impedir articulações das organizações criminosas nos estabelecimentos de segurança máxima.
- O MJSP abriu processo por "desrespeito a determinações contratuais" contra a Construtora Dantas, responsável pela reforma no pátio do presídio federal de Mossoró. A construtora cuidava do canteiro de obras da reforma no pátio do banho de sol; e envio de ofício para a PF, Receita Federal e CGU solicitando investigações sobre a empresa R7 Facilities, contratada para obras de manutenção na penitenciária.
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